Pareço presente,
Mas não sou.
Nunca fui.
Serei?
Quem sabe?
E se sou presente,
Onde foi parar o embrulho?
(Pra que tanto barulho?)
Ou o embrulho sou eu mesmo?
Pode ser.
Não, acho que não,
Não sou presente.
E o passado confirma que não.
Não sou presente,
Mas minha lacuna não é sentida,
É vivida,
Preenchida
Com laços fortes,
Com traços fracos,
Com marasmos
E sarcasmos.
Não sei quem sou,
Talvez o futuro me diga,
Mas não sou presente.
E vivo tão ausente
Que chego a ser indecente,
Incoerente,
Como me vê essa gente.
Como me vê essa gente?
Como sem ver essa gente!