Quem vê de cima
Nem sempre vê melhor,
Quase sempre vê menor.
E desvaloriza.
Quem vê de baixo
Nem sempre vê melhor,
Quase sempre vê maior.
E sobrevaloriza.
Esses polos se afastam cada vez mais,
Porque só conhecem seus iguais.
Aí o destino fácil é voar
Ou se enterrar,
Cada vez mais,
Cada dia mais.
Não há astros que expliquem esses caminhos:
A divisão dos gostos
Para manutenção dos postos.
Os desencontros das classes dão segurança à estrutura social,
Faz tudo continuar igual:
Você lá
E eu cá.
Quem está embaixo sabe que não pode voar
E quem está lá, não quer se enterrar, se humilhar.
E o afastamento (e intolerância) entre as classes se deve a um corte.
A um corte profundo que risca a sociedade (e cada um de nós)
De alto a baixo.
Abaixo!