Já tentaram guardar ciganos em recinto de pedra,
Com janelas de madeirasE ideologias de vento em sopa.
Mas não se mantém errantes embalsamados.
Ciganos são nômades,
Sem nomes,
Nem dinheiros.
Mas são ricos,
Identificados (e identificáveis)
E parados no tempo.
Tocam a vida como uma rabeca,
Pulando nos calcanhares,
Cheios de olhares,
Cantorias,
Alegrias
E fantasias (realizáveis).
Rostos rotos,
Corpos encorpados (e desengonçados)
E múltiplos coloridos.
Sem vergonhas,
Sem destinos,
Sem limites...
Não há um,
Só o uno coletivo.
Não há barreiras,
Nem bandeiras.
Não há Estado que não seja de graça.
Não há leis,
Nem reis,
Só direitos,
Naturalmente vivos.
Nada nos faz mal.
Só a solidão
E a prisão.
Mas enquanto tivermos pés,
Haverá caminhos (pra sonhar).
A estrada é nossa casa!
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Poesia escrita após assistir ao filme Liberté (Korkoro, 2009).