20/07/2009

Futuro Já Passado


Como viver o agora sem lembrar do ontem?
E como viver o já sem sem sonhar com o que virá?
E virá?
Verás.
Fui um dia alguém que queria ser eu.
Hoje sou eu querendo ser alguém.
Um sujeito indefinido.
Quase ninguém.
Afinal, ser alguém (ou ninguém) é ser livre.
No final, acho que quero mesmo é a liberdade.
A liberdade de não ser ninguém.
Ser livre para me entregar.

19/07/2009

Em busca da cidade ideal


Já não sonho mais com a cidade dos meus sonhos. Quantas cidades! Quantos sonhos! Fui em busca da cidade idealizada, do silêncio e companheirismo que parecem não existir mais, e encontrei a realidade: o lugar dos meus sonhos está na minha capacidade cultivada de sonhar uma outra realidade. Mesmo que sob a dura realidade irreal. Fui atrás da cidade da minha infância e percebi que ela continua lá, adormecida em mim, perfeita, querendo se realizar. Mas ela está vazia. Para onde foram meus amigos? Onde estão os meus amores? Estão lá, em algum lugar; estão aqui, em algum lugar. Basta enxergar o real pelo ideal. Re-construir a vida com outros, nos outros, resgatar a inocência infantil. Mas sem ingenuidades. Comprometido com a necessidade de viver e conviver, de morar e rememorar. Marcar a vida no espaço do outro. Marcar na vida o espaço do outro. Esse é o meu lugar. Mesmo que alguns não considerem. Essa é a minha vida. Mesmo que nem todos permitam. Quero mesmo pensar o aqui como o meu melhor lugar. Mas não deixo de imaginar (e desejar) um outro lugar. um outro espaço capaz de recriar em mim a capacidade de me identificar e me entregar. A capacidade de me integrar ao meu lugar. Como já foi um dia na minha terra natal, minha cidade ideal. O lugar da minha infância que não volta mais. Sonho com outras cidades para não sedimentar, como forma de me reinventar. E para levar a outras gentes a minha missão. Antes da minha validade acabar preciso encontar outro lugar. Preciso me revalidar. E faço isso mudando de ouvidos e olhares, mudando de lugar. Sou sempre o mesmo (embora lute para não sê-lo). Tenho as minhas manias, minhas chatices, minhas obssessões. É quando mudo os ares que mascaro a realidade sobre mim. Faço acreditar que sou o ideal logo ali. Mas não sou do ideal nada mais do que o real: diferente, mas igual a todos. Fujo dos lugares (e dos outros) como quem foge de si mesmo, porque não suporto meu modo de ser. E quando encontro outros lugares (e outras pessoas) dou alguma utilidade a mim mesmo, renovo minhas esperanças. Chego a pensar que sou viável. Estou (e acho que estarei sempre) em busca de uma nova cidade, de novos públicos. Mesmo que seja no mesmo lugar, alguma coisa precisa mudar. Porque eu não consigo não.