17/05/2007

Recompensa




















Recompensa não se busca,
Mas ela vem.
Inesperadamente vem.
Quando se trabalha com afinco,
Com dedicação.
Quando se sabe o que se faz.
E se faz.
Mesmo que pareça estar dando errado.
Mesmo que dê errado.
Quando se sabe o que se faz,
E se faz,
A recompensa vem.
Pode demorar,
Mas virá.
E não necessariamente em forma de dinheiro,
Como no velho oeste.
Pode ser em agradecimento,
Ou em transformações ocorridas.
Pode ser expressa,
Ou pode ser tácita.
A recompensa é o reconhecimento de que se fez o certo.
Que valeu a pena o trabalho árduo,
As crises vividas,
As angústias
E dúvidas enfrentadas.
A recompensa será um "valeu!"
Uma confidência.
Ou mesmo a percepção de uma outra vida.
Uma nova vida.
Talvez mudada no confronto,
No embate,
Na vida.
A sala de aula é um lugar e tanto para essas crises.
E o professor sempre espera uma recompensa.
Que vem.
Pode até demorar,
Mas vem.
Quando se sabe o que se faz,
E se faz.
................................................................
Hoje obtive uma recompensa.

16/05/2007

Considerações


Constantes considerações,
Coincidentes,
Continuam nos acostumando
A Continuar
O mesmo.

O mesmo
Meio
De manutenção
Mecânica
Da mesmice.

O mesmo.
Assim mesmo:
O mesmo,
O mesmo,
O mesmo.
Chega!
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Novas considerações
Questionam
O Status Quo.
E desafiam o momento.
E mudam a história...

Escrito em julho de 2005 - "estava perdido e foi achado".

15/05/2007

Memórias


Dizem que o brasileiro não tem memória, que se esquece fácil até de coisas que não se deve esquecer. Dizem também que o brasileiro é pacato e, no extremo, até omisso, descansado demais. Que não participa das lutas sociais, que vê a história passar sem perceber que ele também é parte da história. Se pensarmos num brasileiro despolitizado e inconsciente dos jogos de força que estão aí, por aí, em todo lugar, amarrando e chicoteando ao mesmo tempo, talvez possamos dar razão à idéia de um brasileiro desmemoriado. Afinal, se ele não participou da história, se ficou vendo a banda passar, não poderá mesmo ter memórias. Ele pode se reconhecer um dia como quem dormira enquanto a história se fazia: "onde eu estava que não vi isso, que não vivi isso?" Só tem memória quem vive. Só se rememora quando se esteve na lida. Só se comemora quando encontramos outro que tenha passado conosco uma determinada experiência. Co-memorar, trazer à memória experiência vividas com alguém. Comemorar é também alegrar-se. E alegrar-se com a possibilidade de compartilhar as memórias construídas com o(s) outro(s). Só em conjunto se pode comemorar, só com pessoas que tenham sido nossos companheiros de jornada, de lutas, de experiências de vida. Quem vê a banda passar não pode ter memória e também não pode comemorar.

Mas confunde-se memória com saudosismo. Rememorar não é saudosismo. Rememorar não é querer voltar no tempo e reviver uma história, não é ter uma saudade avassaladora de um tempo que passou e que não volta mais. E ainda bem quem não volta mais. A história não é cíclica como se pensava antes. A história é processual, nela há avanços e retrocessos, mas nunca se pode voltar a um mesmo ponto, porque cada momento é único. E já passou. É preciso saber viver, como diria o Rei. E mais, é preciso viver. Quem não vive não tem memórias. Não pode compartilhá-las, comemorar. Não tem memória não só quem não vive, quem vê a banda passar, mas também quem não entende que a história é o próprio viver, quem deseja voltar no tempo para reviver algo que já fora vivido. Rememorar e comemorar não é desejar retroagir no tempo, mas contentar-se com as experiências vividas ou arrepender-se das escolhas feitas. Ou mesmo arrepender-se da inércia, da ausência de escolhas, que também é uma escolha. Assim como arrependimento e remorso são coisas distintas. Memória e saudosismo também não é a mesma coisa. O Saudosismo é pegajoso, é aprisionador, é a expressão maior da alienação, de quem não está consciente de que a vida é história, que tudo passa. A memória é libertária, é celebração da vida, é expressão de gratidão pelas experiências e escolhas tomadas. Rememorar é reconhecer erros e acertos que foram realizados por pessoas viventes, que sabiam que estavam vivendo um tempo histórico, que não volta atrás e que, por isso, requer consciência, responsabilidade.

Um viva à(s) mémoria(s)! Abaixo o saudosismo!

14/05/2007

Cata-Cata

Cata-Cata.
Cata lata;
Cata lixo;
Cata papel;
Cata plástico;
Cata tudo;
Cata nada.

Cata-Cata
Cata,
Cata,
Cata.

Catalisa a vida.
Cá pra nós:
Cata máta.
Cai a vida,
Cai por terra,
Cara na lama.
Cama de gato.

Cata-Cata.
Cata,
Cata,
Cata.

Catador
Cata.
Cata e é
Catado.
Captura e é
Capturado.
Catado.
Cativado.

Cata-cata.
Cata,
Cata,
Catado.
Caído.
Castrado.

13/05/2007

Na cama


Pensei em olhar pela janela para ver as crianças passando pra aula logo de manhã. Mas não tive forças, nem coragem, e fiquei onde estava, enrolado nas cobertas. O máximo que fiz foi rolar um pouco para o lado, na busca de uma posição mais confortável para passar algumas horas a mais na cama. Lá fora estava um friozinho convidativo à preguiça dentro do quarto. Já estava acordado, semi-acordado, mas os olhos ainda permaneciam cerrados. E a mente pensava, sem limites, em coisas sem sentido. A preguiça prevalecia, embora a necessidade de levantar fosse urgente.
A frestinha aberta da janela lançava as cortinas no meio do quarto, como um vestido esvoaçante ao vento, e sussurrava um barulhinho que tentava me expulsar da cama. A mente já não pensava mais nada, só se irritava com aquele barulhinho que agora era perturbador. Cansado, resolvi levantar, fechar de vez a janela para eliminar o zumbido, tomar um calmante e voltar a dormir. Quando acordei já era tarde, os compromissos já haviam se perdido. Agora era só pensar nas desculpas aos que me esperavam. Que não me esperem mais para nada em climas frios e enquanto eu estiver numa cama aconchegante, apagado. Que haja mais dias frios como esse! Uahhhhh! Vou dormir.

12/05/2007

Aprisionamento


É terrível estar aprisionado:
O frio,
A solidão,
O medo,
A morte.
Jaulas que separam,
Que unem,
Que afetam,
E afastam.
Do lado de dentro,
Se torna cada dia mais fora,
Anti-social.
Do lado de fora,
Espera-se que fique dentro.
Por muito tempo.
Corredores,
Rostos,
Cheiros,
Regras.
Celas cheias;
Vidas humanas.
Vidas cheias;
Selas humanas.
Canga pesada.
Passado presente,
Sempre.
Poder,
Intimidação,
Dinheiro e
Exploração.
Tudo igual,
Aqui e lá:
Miséria
E Luxo.
Sociedade desigual.
Não é preciso passar pela experiência pra saber!