31/12/2011

Demitido

Fui demitido sem justa calça.
De metido já basta eu!
Adorava a sua companhia,
Mas ela quebrou
E fiquei na pior.
Como sinto falta da sua companhia!...
Nela eu era eu.
Mais não sou ninguém:
Não tenho honra,
Nem descanso,
Nem estabilidade...
Preciso arrumar outra companhia.

30/12/2011

Conselhos

Morram as maldades,
As esporas
E os temores!
Vivam todas as liberdades!
Mesmo sem querer.
Melhor é depois jogar fora do que catar no lixo!
Eu sei o que é isso.
..................................................
Foto: Serge Gainsbourg e Jane Birkin.
http://www.youtube.com/watch?v=O9IvYeFusVg&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=R82F3EjXBMM

29/12/2011

Inspira-respira...

Você me inspira horrores!
E me suga todas as forças.
Mas nem sempre foi assim.
Você já foi, bela, perto de mim.
Hoje, longe,
Eu me sinto um monge.
E busco meu caminho;
Pra longe de você.
E sem querer entender
Nada sobre você
Com braçadas alargadas
Até às terras alagadas,
Onde se atola sem poder sair
De cima.
Ninguém pode querer chegar onde nunca sonhou!

28/12/2011

Deixe-me em paz!

Vejo em muitos detalhes a sua mão em mim. Nem sempre para o bem. Nem sei se há bem (ou se não foi uma brisa que passou). Estamos soltos na Terra, aprisionados ao chão que nos quer, e tentando chegar a algum lugar. E vagamos errando menos do que deveríamos e mais do que gostaríamos. Quem não gosta do erro é a borracha, que insiste em apagar. Eu me estico todo pra cair de cabeça e ralar a cara: o erro é meu amigo. E não consigo apagar você.

27/12/2011

Indigente

Quando a morte chegar,
Ninguém vai notar,
Ninguém vai me ver.
Vou deixar de saber.
E já nem sei
O que se passa comigo:
Nem sei se um dia soube,
Se vivi.
Deixa eu ir!

26/12/2011

Prece para um novo ano

É hora da ceia sobre a mesa
E do seio sob a mão.
É tempo de rasgar o véu do pudor
E sentir o fedor do bacalhau cru.
É hora do peru com rabanada,
Da torta salgada
E de exigir a gozada.
É tempo de bancar o desejo indesejável de desejar
Sem limites além dos que são ditos,
Mal ditos;
E de transgredir a regra da morte prematura do para sempre
Amem!
ⱷῳԅϔⱷῳԅϔⱷῳԅϔⱷῳԅϔⱷῳԅϔⱷῳԅϔ
E que o indesejado seja arquivado
Junto com o medo e a moral
Para sempre,
Amém?!

25/12/2011

Esquimós

Cansei de você!
Cansei de ouvir verdades.
Quero mentiras amenas,
Que amenize minha alma
Como uma brisa pequena,
Que anuncia a chuva antes que ela venha.
Quero viver sem poder!
Como os esquimós vivem sem saber,
Mas cientes de seus limites
E da força de sua natureza.
Sem grandeza,
Nem avareza.
*****************
Há muitas coisas que (não) sabemos/queremos dos esquimós. Para o antropólogo Robert Shirley: "É difícil imaginar um povo que seja mais anárquico", disse um observador. É sabido, por exemplo, que não há nenhuma palavra para "guerra" na lingua esquimó e realmente eles julgam que grupos de pessoas brigando uns com os outros é uma tolice.
Os esquimós vivem numa região onde, na época do inverno, o frio mata uma pessoa em cinco minutos se ela não estiver adequadamente vestida. Eles tem sido tradicionalmente caçadores e muitos ainda o são e, no inverno, essa atividade torna-se bastante árdua. Partindo desse fator geográfico básico, os esquimós desenvolveram durante muitos séculos uma série de leis que lhes permite sobreviver num dos ambientes mais hostis da terra. Uma dessas leis é: quem tem um excesso de carne ou outro alimento deve reparti-lo com os outros. Armazenar comida é um crime mortal na visão desse povo. Em seu ponto de vista, é natural as pessoas dividirem seus bens. Devido a essa crença, os primeiros comerciantes ingleses nunca puderam instalar um posto comercial em território esquimó. Os esquimós sempre estavam dispostos a repartir suas peles e alimentos com os ingleses, porém nunca conseguiram entender porque estes mantinham um estoque enorme de mantimentos sem dividi-lo. Tal procedimento não les era natural ou, melhor, era "crime". Por três vezes os ingleses estabeleceram postos comerciais no território esquimó no século passado e por três vezes, após algumas discussões sobre justiça e divisão, as comunidades esquimós simplismente mataram os comerciantes ingleses e distribuíram seus alimentos. Isso foi "justo" para o direito esquimó, já que, para eles, o crime mortal não era o roubo, mas sim a ganância." (SHIRLEY, Robert. Antropologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 1987. p. 10, 11.)

24/12/2011

Quanto mais se corre mais se perde (a calma)

Você já foi mansa.
Doce, como eu queria!
Mas se perdeu um dia
Em meio a tanta correria.
Não pensei em viver sem você,
Mas vou aprender.
Porque não há como manter a própria alma
Sem preservar a calma.

23/12/2011

Perco você a cada encontro

Vou pra encontrar você,
Mas não encontro mais.
Vou atrás de você
Com seu aspecto claro em mim,
Mas você some na multidão.
Olho em todos os lugares
(Pa-ci-en-te-men-te),
Mas não acho quem deixei.
E nem sei o que perdi
Até aqui.
Sigo cauteloso
E aflito,
Olhando para todos os lados,
Buscando desesperado.
Mas nada de você!
Corro,
Suo,
Abaixo,
Canso...
E paro.
Apóio as mãos na cabeça,
Levanto os olhos para o meu céu
E grito desesperadamente,
Buscando meu chão.
Grito sem saber pra quem,
Sem encontrar ninguém.
E sem me encontrar também.
Então, resolvo perguntar
Se alguém pode me ajudar:
"Você viu...?";
"Ei, você sabe...?"
Mas ninguém me atende,
Ninguém me entende:
"Sinto muito, não posso ajudá-lo!";
"Sou novo aqui!";
"Não sou daqui!"
Vê-se!
E continuam seus passos apressados,
Correndo pra algum lugar
Onde possam se encontrar.
Sem notar que o desprezo que trazem
É que faz com que as coisas se acabem.
É difícil mesmo reconhecer
Quem não se conhece!
Ah, Macaé,
Por onde anda você?
Por que foge de mim?
Pra onde foi tua beleza?
.....................................................................
Imagem: Macaé de antigamente. Macahé, como se escrevia até o início do século XX. Saudades!

22/12/2011

O Natal

Eis o Natal chegando,
Com seu toque mágico
(Seu par de lixas nas mãos)
E um desejo incontido,
Inflamado,
Queimando o estômago
E velas.
Vela a noite toda.
Do lado de fora,
Esperando derreter os corações
Para lamber o resto.
Eis o Natal:
Todo ano ele vem,
Mas dificilmente encontra corações gratos.
Mas sempre encontra generosos gatos,
Que dividem suas latas reviradas.
O Natal está aí!
E muitos o chamam de Noel.
_________________________
Natalino Prudêncio da Silva, vulgo Natal, nasceu num dia 25 de dezembro, mas há uns 20 anos não ganha presente de aniversário, só lembranças de Natal. E elas não são boas!

21/12/2011

Campo de concentração

Esse é meu campo de concentração,
Minha área de escape,
Minha rede de proteção,
Que balança, mas não me deixa na mão
E me faz descansar seguro.
Como se estivesse na Bahia
Ao abrigo do sol do meio-dia.
(Embora não tema nem o sol, nem o sal)
Esse é meu campo de concentração:
Aqui me torno invisível e feliz.
E quem entrar nesse meu espaço aéreo
Vai ser abatido,
Como uma cabra-montesa,
Que bate a cabeça querendo acertar
E desafia as alturas sem tirar o pé do chão:
Ela age sem pensar
E se joga sem olhar.
Eu não paro de pensar numa saída.
(Porque minha vida é tão curta quanto minha visão).
Esse é meu campo de concentração:
Não há terreno mais movediço que o meu,
Mas aqui, sei me mexer,
Sem pressa nenhuma de chegar a lugar nenhum.
Esse é meu campo de concentração
E torturo os queridos até a morte.
(Porque os inimigos nem entram).
Esse é meu campo.
Era, porque a onda chegou.
Já fui (a passos curtos)!

20/12/2011

Trocas

O que você tem pra me dar
Já tenho demais:
Gritaria,
Lágrimas e...
Pirraças.
Gostaria de mais.

Você me tira o que tenho de melhor:
Auto-controle.
E nem percebe que quando perco o auto-controle,
Perco a vontade,
A graça se vai
Sem graça.

Gosto muito de você!
Mas gosto mais de mim.
Preciso ir.

19/12/2011

Ando

Ando sem vaidade,
Sem vontade,
Nem coragem
Ou maldade.
Ando sem responsabilidade
E não sei onde vou parar,
Se vou parar.
Ando...
Só,
Sem você.
Só eu sou eu.

18/12/2011

Constelação

Dora se foi.
João também.
Foi-se Antonio,
Lara,
Chico,
Laila,
Hugo,
Malu...
E tantas pessoas que nem sei,
Que nem vi,
Nem sonhei.
Foram-se todas as estrelas,
Piscando pra mim,
Sempre em volta de mim.
E foram felizes mesmo sem saber,
Só por não me conhecer.
E as tenho na mais alta consideração,
Na mais alta constelação.
Porque cuidam de mim,
Apesar de mim.
Tchau!

17/12/2011

Dorme!

Dorme o sono profundo
Da sua morte anunciada,
Desejada.
Abre os olhos e vê que a vida acabou.
Em algum lugar acabou,
Acabou onde tinha que ser.
Não há esperança de que volte a nascer
A esperança de sermos.
Nós somos o que fomos.
E não há meio de refazer o passado.
Dormir é o que nos resta.

16/12/2011

Carregando...

Olho para o celular
A carregar
E fico pensando...
Também preciso de um carregador,
Que carregue a minha dor
E recarregue minhas simpatias.

15/12/2011

O novo que vem com o fogo

Vamos abrir as portas, destrancar as janelas, quebrar as correntes e bagunçar as rotinas. Vamos sair de fininho pela porta dos fundos quando alguém quiser entrar pela frente. Não há mais concorrente! Todos são iguais, amigos, amantes, distantes... E há fumaça no ar indicando a presença de um fogo que vai queimar o que sobrou da velha moral. Não vão ficar vestígios nem vestíbulos. Só cinzas. E vamos nos queimar, porque não haverá água que consiga apagar esse fogo! E se não estivermos livres não conseguiremos correr, iremos morrer. Por muitos dias o cheiro da carne queimada vai ficar no ar, mas vai passar. E viveremos uma nova vida!
Alegre-se, você só vai perder o que nunca teve!

14/12/2011

Tesouro

A solução para seu caso não é o fim.
E não está em mim.
Mas, enfim,
Não há o que fazer quando não se pode.
E nem sempre se pode!
Mas vou dar o mapa pra mina:
Vá até o fim!
E quando chegar lá,
É só ficar um pouco
E voltar,
Bem devagar,
Apreciando a paisagem
E pensando no caminho.
Às vezes a gente corre tanto da primeira vez
Que é preciso passar outra vez.
A vida não é só instantes instantâneos e instintivos.
(Antes fora!)
É também olhar,
Saber olhar.
E capturar o que interessa,
Sem nenhuma pressa,
Sem aprisionamento,
Nem lamento.
O tesouro está aí.
₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪
Imagem: Foto do italiano Carlo Mollino.

13/12/2011

Lacuna

Médicos
Insistem
Sobre
O
Perigo de
Remédios caseiros
Ou...
Soluções rápidas,
Tratamentos definitivos...
Onde se (a)guarda a vida
Lentamente.

12/12/2011

Remédios são objetos que sujeitam os sujeitos

Ninguém pode ser a cura de ninguém:
Uma voz que acalma,
Uma presença que estimula,
Um toque que liberta
Ou um pau que enterra
Em pensamentos desconexos
(E felizes).
Você tem que se acalmar,
Tem que se tocar
E se meter,
Aonde quiser,
Pra realizar a vida que se quer:
De dentro pra fora,
Pra não ser só bela viola.
Se a cura não estiver em si,
Não estará em mim.

Objetos foram criados pra nos dar segurança e facilidade
(E alguma felicidade):
Inventamos objetos pra libertar os sujeitos.
Mas nem sempre eles querem ser libertos:
Às vezes queremos nos sujeitar a ser objetos.
Até aí nada mal.
O problema é quando se é forçado a tal,
Quando se é transformado numa boca,
Num abraço,
Num toque...
Num pau de estimação,
Sem subjetivação.
O bem amado pode não ser
O amado bem.

Bem,
Ninguém é coisa de ninguém,
Mas não há problema em acordar o objeto do sujeito.
Mas se não acordar...
Pode ser tarde demais
E fazer sofrer de insônia.
Ou saudade.
Aí, só remédios podem remediar!
ᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖᴗᴖ
Imagem: Mais uma foto do grande Carlo Mollino (1905-1973). Mollino além de fotógrafo era arquiteto, designer e escritor. Muitas de suas fotos com belas mulheres eram feitas com a presença de objetos em cena (vários desses objetos eram criação do próprio Mollino), chamando o interlocutor a um questionamento sobre os limites entre sujeito e objeto. Ele colocava, por exemplo, uma mulher nua se apoiando numa cadeira na tentativa de tornar também o expectador um objeto de seu desejo [de consumir o outro (sujeito ou objeto?)]. Sem falar no jogo de sombras e sobreposições de fotos que ele fazia, e que às vezes confundia mais que esclarecia. Como é obscuro esse nosso desejo!... Precisamos de remédios?!

11/12/2011

Putaria!

Toda putaria
Tem um pouco de poesia,
E valeria minha pena!
Toda putaria
Valeria
Se a alma
Fosse sua,
Pequena.
Não fosse você...
Toda putaria
Valeria.

10/12/2011

Auto-censura!

Você vive como quer.
E ninguém pode censurar você!
Você sai quando quer.
E ninguém pode censurar você!
Você vai onde quer.
E ninguém pode censurar você!
Você quer porque quer.
E ninguém pode censurar você!
Mas você me corta,
Quando você mesma se corta,
E ninguém pode (me impedir de) censurar você!
Ninguém deve se auto-censurar.
Mas pode tudo,
Até não deixar quase nada.

09/12/2011

Antagonia

Anta agonizando.
Santa agonia!
Santería:
Fé no momento,
Com todo sentimento.
Que faz balançar
Pra lá e pra cá,
Zigue-zague metafísico
No bailão das entidades.
Bem ou mal,
Confronto das metades.
Luta pra sobreviver!
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Meio humano, meio animal: confusão total. Caos! Buscando acertar sem medo de errar. E erra pra valer sua vontade. E a minha é você.

08/12/2011

Segredo de morte

Tenho um segredo que vai morrer
Comigo,
Vai me matar.
Preciso confessar.
Mas sei que não vai mudar nada,
Pois a decisão já foi tomada.
E vou carregar comigo
Esse castigo.
Estou no fundo da minha cova de leão.
Sem nenhuma coroa que me distinga
Dos demais animais.
Choro de saudades do desconhecido
Projeto não projetado,
Mas executado.
Sem culpa
Nem vontade.
Vou enterrar minha vida
Largada,
Buscar uma nova chegada...
E chorar no rosto
O resto que me resta
E me arrasta...
Adeus!

07/12/2011

Algemas

Quando as algemas folgarem...
Eu também.
Quando as gêmeas me soltarem
Não verão mais
Inverno!
Não terão mais
Inferno!
Nem eu.
Vou voltar ao paraíso
De compor em paz.
Encho o mundo de alegria
E o saco de pó.

06/12/2011

Novos olhares, novos mundos

Tantos olhares,
Tantos mundos...
E não posso parar de olhar.
Quantas cadeiras quebradas,
Requebradas,
Na minha cabeça
Que não pensa
Em nada além
Do que ninguém
É de ninguém,
Mais que você.
Vem olhar comigo,
Vem para o meu mundo
Imundo!

05/12/2011

Pau de arara

Verdade que mata;
Verde que mata
E mancha de vermelho
Nossa história,
E memória.

Pau de porrada
Que não endireita,
Esporrado de merda
E covardia.

Cortando o ar
Num zunido infernal:
Triunfo da arrogância
E do medo.

Amarras apertadas da indiferença
E ingratidão,
Que faz gemer o pássaro pousado,
Manchado de cores vivas
E mortas.

Náusea de quem vê o mundo ao contrário,
De quem não suporta ser contrariado.
E bate para suportar a dor
De acatar sem pensar,
De não ser ninguém.

04/12/2011

Ave Maria

Ave Maria cheia de graça;
Ave Maria cheia de si como uma garça,
Andando na ponta dos pés
Ave Maria não se engraça,
Mas se assusta e...
Ave Maria voou!
Mas o senhor vai com ela.
Amem ave Maria,
Amem!
E ela estará convosco.

03/12/2011

Condicionamento

Grades abertas.
Gaiolas vazias.
Passarinhos cansados,
Condicionados
A não voar
Além do chão em que se enterram:
Sonhos aplacados,
Acatados.
Atacados por todos os lados,
Pela falta de tudo
Por toda vida.
Sair pra onde?
Sair por onde?
Prisão!
Mesmo sem grades.

02/12/2011

Desigualdade armada

Sociedade de consumo,
Consumada.
A explosão da pólvora
Confundindo a razão,
Perfurando a carne
E aumentando a repressão.
São vidas partidas
Para todos os lados.
E quem não tem lado
Se torna presa fácil
Do conservadorismo moralista
Que concorda com a corda
No pescoço do moço
Pobre:
Pobre pensamento torto,
Pobre moço! Vai!!

Vai pra cadeia,
Acende a candeia
E com o bagulho na mão
Se confunde com o chão
De estrelas projetadas,
De escolhas obrigadas
E projéteis espalhados.
E o tapete social se estende sobre si,
Cheio de discursos,
Poucos estudos
E muita grade.
Mais grades!
A escravidão dessa classe:
Correntes históricas,
Cotidianas,
Para manutenção
Da mesma condição.

E quando o sino toca
Ou estoura o rojão,
Mais uma vida vai ao chão.
Mais uma,
Só mais uma.
E nada mais.
Nada mais que obrigação
De uma polícia-ladrão
Que precisa controlar
Os sub-cidadãos:
Sem reconhecimento,
Sem visibilidade
E obrigados a obedecer,
A agradecer:
Obrigado,
Obrigado,
Obrigado!

01/12/2011

Verdades contra liberdades

Onde não há certezas a verdade se cria.
Verdades próprias.
E só se deve respeitar essas verdades
Se não forem impeditivas,
Restritivas de liberdade.