26/12/2009

Poesia pra viver


Queria viver de fazer poesia.
Alguém quer financiar esse meu projeto?
Só não espere retorno financeiro.
Queria viver de fazer poesia,
Não necessariamente de escrevê-las,
Nem de publicá-las.
Não é pra ganhar dinheiro,
Mas pra um viver prazenteiro.
Fazer poesia é pra mim uma constante.
Não precisa ter rima,
Pode ser dissonante.
Não precisa ter esperança,
Pode ser de desconfiança.
Mas tem que ser poesia,
Expressão de uma vida aflita,
Mas que em tudo vê a Lira.

25/12/2009

Sistema prisional é tapete social


Queria soltar os presos.
Afinal, é Natal!
Tenho vontade de soltar os presos.
Mas o que seria de nós?
Como conviver com o lixo cotidianamente?
Quanto mal estar!
Quanto mau cheiro!
Como viver numa casa sem tapete,
Sem onde esconder os detritos?
É melhor manter os presídios,
Nosso tapete social.

24/12/2009

Eu preciso ir embora

Queria curtir o momento
Com sentimento.
Mas sem grude,
Sem grilo.
Só um instante:
Guardado na memória,
Sem arranhões,
Sem culpa,
Para sempre.
Como mágica (ou bruxaria).
Queria fazer uma obra capaz de durar.
Uma ponte (que reduza pela metade a distância)
Dura.
Ela é dura.
(She is heavy)
E eu, Duro.
Porque homens não choram,
Nem brincam de boneca.
Cada momento um presente
E uma esperança.
Nada se esvai,
Nem seu cabelo.
E o presente não passa
Na minha cabeça.
E eu fico meio vermelho,
Como a bandeira da Polônia.
Eu preciso ir embora.

30/11/2009

Sem grilo

Sem grilo.
Se tudo acabar (ou se nem começar) já terá valido a pena.
É gostoso também saborear o que restou no prato da memória.
E como a pressa é inimiga da perfeição,
Aguardo calado o momento de satisfação.
E penso nas perdas e vitórias.
E penso nas perdas como vitória.
E sofro com os dardos que traspassam o meu couro curtido cordial.
E me vingo deixando a peteca cair.
O importante não é competir.
O importante não é vencer.
É melhor...
Derrotar.
E ser derrotado pela exaustão.

24/11/2009

Direito Constitucional Revolucionário?


As decisões políticas do STF estão dentro de um projeto político marxista? A politização do Judiciário é um modo de divulgação de um ideário marxista? A discussão de justiça social revela um caráter revolucionário de tipo socialista? Venha discutir questões como essa no Unicuritiba, dia 26/11, às 17h30, no mini-auditório.

23/11/2009

Instituto Rio Branco


Palestra sobre o próximo Concurso Público para a Diplomacia brasileira. Dia 26/11, no Unicuritiba, conforme cartaz ao lado.

20/11/2009

Veneno

Eu sou um veneno.
Sou veneno mortal.
Eu não tenho cura.
Nem curo ninguém.
Minha pele se solta,
Pra enganar os predadores.
E eu mesmo não como ninguém.
Mas sou aparentemente devorado
Até engasgarem.
E a vítima é o devorador,
Que devora a dor que eu sangro
E bebe o licoroso veneno da minha vida,
Que mata,
Apesar do sabor.
Se isso pareceu sem sentido,
Sua idéia sobre mim é que está fora do lugar.

15/11/2009

Contradições?

O religioso ama o mundo,
Mas odeia a sogra.
O torturador é um bom pai.
O humanista bate na filha.
A mãe amorosa faz tráfico de drogas.
O filho rebelde chora a morte do pai.
O traficante não usa drogas.
O viciado não compra drogas.
O presídio não recupera.
A sala de aula, também não.
As leis se multiplicam.
Os crimes também.
A tecnologia é cada vez mais avançada.
Mas nada elimina a necessidade do sono.
Conhecemos a vida na sua complexidade.
Mas não somos capazes de criar a imortalidade.
A aceleração da vida cotidiana
Não muda o ritmo da morte:
Ela vem certeira,
Quando eu menos espero.
Tudo isso parece contradição
Ou aponta para nossas limitações,
E para a necessidade da fé.
(Dedico aos companheiros de jornada. Eles sabem quem são porque se identificam com as idéias. O que está aqui não é melancolia, é reconhecimento/humildade e esperança/projeto: "não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse pratico". Mas como realizar mudança sem correr o risco da vida? É preciso seguir em frente, vivendo, refletindo e decidindo, não necessariamente nessa ordem.)

17/10/2009

Leis

As leis da natureza são rechaçadas pelas normas sociais.
Os polos contrários não se atraem:
Consumimos os iguais e somos indiferentes aos diferentes.
Nem tudo o que sobe desce:
Os estabelecidos têm seu poder reforçado pelos excluídos.
Nem sempre os mais aptos sobrevivem:
No afã de agradar os pares e conquistar uma posição,
Derrubamos o mito da meritocracia.
As normas sociais são negadas pelas leis da natureza.
Raça ruim é a que tem pedigree.
A mistura é mais saudável que a pureza.
Não há inferiores; há inferiorizados.
A ordem é mais rara que a desordem.
Temos tanto a aprender;
E tanto a ensinar.

13/10/2009

Correr e lutar

Estava pesquisando algumas fotografias que expressassem desigualdade social e fiquei impressionado com a quantidade de fotos sobre esse tema que focam pés (quase sempre machucados e maltrapilhos) e mãos (quase sempre espalmada para cima, como quem pede esmolas). Os membros superiores e inferiores, por outro lado, estão frequentemente associados à ação, normalmente de lutar (no caso das mãos) e correr (no caso dos pés). As mãos de um lutador de boxe ou os punhos fechados e erguidos de um membro do movimento sindical, ou outro movimento social qualquer, expressam claramente a ação da luta ou da resistência. O choque que gera vitória. Os pés de um corredor, obstinado por cruzar a linha de chegada, ou de um lutador em guarda para receber o combate de seu oponente, expressam também a ação da luta ou da resistência. Pés e mãos, podem ter o mesmo simbolismo de ação. Mas quando aparecem vinculados a imagens de desigualdade social, mostram-se cansados, inertes ou desumanizados: são pés calejados, feridos e, provavelmente, fedidos; são mãos grossas, espalmadas uma contra a outra e servindo de travesseiro em chão de pedra ou levantadas para o céu, esperando uma providência alheia. Mãos e pés, quando espressam desigualdade social, estão irreconhecíveis, nem de longe lembram os instrumentos de luta e resistência que foram um dia, ou poderiam voltar a ser. Mãos e pés da desigualdade aparecem distantes, desentrosados e desajeitados. Parecem esquartejados: mãos pra lá, pés pra cá e nenhuma ação. Só inanição. Correr e lutar vão parecendo até antagônicos: correr como sinônimo de fugir; lutar, como encarar. Mas correr e lutar nunca foram tão próximos. São ações. Uma atitude importante diante da desigualdade seria uma ação de combate e de resistência, uma conjugação de mãos e pés. Mãos fechadas que partem ao ataque e pés ágeis que se esquivam do oponente a derrotar, que é a própria desigualdade. Nada de mãos pra trás ou cruzadas com os braços; nada de pés vacilantes ou cansados. Precisamos cerrar os punhos e posicionar os pés para tomar parte nessa luta. Isso é solidariedade, que também é uma ação.
A foto desta postagem é de Sebastião Salgado.

06/10/2009

Honduras: o impasse caribenho

Hoje os alunos do Centro Universitário Curitiba poderão debater com professores da casa a atual situação política de Honduras (Golpe Militar, Estado de Sítio, Abrigo Político do presidente deposto na Embaixada Brasileira etc). Será às 17h30, no Grande Auditório do Unicuritiba. Inscrições deverão ser realizadas pelo site da faculdade. Contamos com sua presença e divulgação

12/09/2009

Banqueiros interrogadores

Banqueiros são banqueiros em qualquer lugar?
Eles sabem mais que os demais?
Os banqueiros estão em guerra com seus inimigos?
Todos são seus inimigos?
Mesmo quando são Referências os banqueiros partem para o ataque?
E essa luta é honesta?
Quem são os vitoriosos?
Quem são os perdedores?
Lamento, mas não sei responder.

09/09/2009

Tinker Bell

Meu retorno forçado ao universo infantil tem trazido algumas valiosas lições de vida. Na história de Peter Pan a Tinker Bell (ex-Sininho) é uma fadinha apaixonada pelo próprio Peter. Quando uma menina (Wendy) chega à Terra do Nunca e recebe a atenção especial do Peter Pan, Tinker Bell experimenta o lado humano do ciúme e da maldade. Ela deseja e providencia a morte da menina, inventando uma mentira. Fadas às vezes viram bruxas, mesmo sem querer, mesmo sem saber. Tinker Bell se tornou aborrecida e triste com a presença de Wendy. Ela só recuperou sua beleza quando percebeu que seu ciúme e sua mentira estavam colocando a vida de Peter em risco, que ela permitiu que o Capitão Gancho armasse uma emboscada para seu amado. Então, ela resolveu desfazer todo o mal que produzira com seu ciúme bobo e conseguiu recuperar sua auto-estima e libertar-se das prisões da paixão. A lição deixada pela Tinker Bell é simples e verdadeira: o coração também arma grades de ferro que retiram a liberdade do outro, mesmo que o outro seja amado, mesmo sem querer. Tinker Bell é uma celebração à liberdade, com suas asas transparentes e ágeis que a levam pra lá e pra cá, desafiando o medo do desconhecido e vencendo as distâncias, quaisquer sejam elas.
Voe sobre mim, Tinker Bell! E traga seu próprio conhecimento. E sua liberdade.

08/09/2009

11/09 - O dia em que a Terra parou

Vamos discutir as repercussões do onze de setembro sobre nossas vidas, no miniauditório do Unicuritiba, dia 11/09, às 17h30, com a presença do Prof Brito e do aluno de Direito Cássio Quirino.

06/09/2009

Fé no futuro

Eu acredito no futuro.
No futuro avassalador,
Transformador do tempo presente.
E que torna obsoleto as nossas expectativas atuais.
Que venha esse rolo compressor
E esmague nossas cabeças,
Fazendo jorrar todos os sonhos que se encontrem lá
Sangrando o presente e sufocando o passado.
Viva a libertação do aprisionado futuro!
Viva o assassinato do angustiante presente,
Tornado passado num golpe só!

05/09/2009

Como matar alguém

Para matar alguém é só realizar tudo o que a vítima pretende.
Para matar alguém você só precisa atender todas as expectativas da pessoa a ser assassinada.
Isso é falta de zelo.
É indiferença.
E não há maneira mais cruel de matar do que tornar-se indiferente.
Significa que a vida do outro não me é cara e,
Portanto, que sua morte também não me afetará.
Vencida essa etapa, puxar um gatilho é um detalhe.
Não há homicídio que não se inicie com uma insensibilidade em relação ao outro.
Os gregos usavam uma idéia interessante para desejar o mal do outro.
Diziam: "Que seus sonhos se realizem".
Não é sábio?
Porque não há nada mais instável, inseguro,
Que os desejos do coração.
Deixar o outro sem limites, sem exortação, é uma forma de indiferença,
É desejar sua morte.
É claro que a morte aqui é simbólica.
E o assassinato, metafórico.
Mas nem por isso, menos real.
Essa é uma lição que já sabemos muito bem,
Embora tenhamos vergonha de admitir.
É só ver como temos vivido.
Mas se temos alguma vergonha ainda,
É sinal que há esperança.

01/09/2009

Velhas novidades

Vejo as notícias atuais e penso que esse momento não é novo, que já ouvi as mesmas notícias antes. Ou teriam sido outras notícias? Pode ser engano meu, mas aquilo que se apresenta como novo no noticiário frequentemente cheira a passado. Mesmo que a roupagem seja outra o miolo parece comum. Algumas peças teatrais ficam em cartaz por uma longa temporada. Um ano, dois anos ou mais. Deve ser um saco representar a mesma tragédia por tanto tempo! Pior ainda deve ser assistir a mesma peça a cada dia. O noticiário sofre do mesmo problema: nós que estamos do lado de cá (sendo bombardeado por essas velhas novidades) não suportamos mais tanta falta de critividade por parte de quem está do lado de lá (nos bombardeando com essas velhas novidades). Será que o mundo parou ou que os homens por trás (que vão atrás) das notícias emburreceram? Precisamos resgatar o sentido original da palavra notícia (novidade). Precisamos de uma Imprensa mais livre, ética e combativa. Precisamos de uma Imprensa menos Empresa.

30/08/2009

Passa o tempo


Meus dias se foram,
Minhas memórias voltaram.
Meus sonhos se renovaram
E a confusão está em mim.
Não sei se o tempo que passou
Foi há muito,
Há pouco ou
Se nem passou,
Se foi um sonho.
Mas lembro do que não vivi,
Sonho com o que não desejo
E sinto saudades do porvir.
Pode parecer confuso, mas não é.
Pode parecer maluco, mas não. É.
É só a mente de alguém que
Viveu o presente com medo do passado;
Viveu o presente sonhando com o futuro.
E chega mesmo um momento em que
Todas essas temporalidades se encontram
Em algum lugar,
Em mim.
Afinal, passa o tempo.

14/08/2009

Torcedor-sofredor

Fui,
Torci,
Perdi,
Chorei,
Cobrei e
Quebrei.
Acreditei e
Voltei.
Novamente Torci.
Dessa vez ganhei.
Gritei,
Abracei e
Apanhei.
Percebi, então, que
Enquanto vivi,
Ganhei quando perdi.
E como perdi!
....................................................
Escrito há treze anos: em 14/08/96.

20/07/2009

Futuro Já Passado


Como viver o agora sem lembrar do ontem?
E como viver o já sem sem sonhar com o que virá?
E virá?
Verás.
Fui um dia alguém que queria ser eu.
Hoje sou eu querendo ser alguém.
Um sujeito indefinido.
Quase ninguém.
Afinal, ser alguém (ou ninguém) é ser livre.
No final, acho que quero mesmo é a liberdade.
A liberdade de não ser ninguém.
Ser livre para me entregar.

19/07/2009

Em busca da cidade ideal


Já não sonho mais com a cidade dos meus sonhos. Quantas cidades! Quantos sonhos! Fui em busca da cidade idealizada, do silêncio e companheirismo que parecem não existir mais, e encontrei a realidade: o lugar dos meus sonhos está na minha capacidade cultivada de sonhar uma outra realidade. Mesmo que sob a dura realidade irreal. Fui atrás da cidade da minha infância e percebi que ela continua lá, adormecida em mim, perfeita, querendo se realizar. Mas ela está vazia. Para onde foram meus amigos? Onde estão os meus amores? Estão lá, em algum lugar; estão aqui, em algum lugar. Basta enxergar o real pelo ideal. Re-construir a vida com outros, nos outros, resgatar a inocência infantil. Mas sem ingenuidades. Comprometido com a necessidade de viver e conviver, de morar e rememorar. Marcar a vida no espaço do outro. Marcar na vida o espaço do outro. Esse é o meu lugar. Mesmo que alguns não considerem. Essa é a minha vida. Mesmo que nem todos permitam. Quero mesmo pensar o aqui como o meu melhor lugar. Mas não deixo de imaginar (e desejar) um outro lugar. um outro espaço capaz de recriar em mim a capacidade de me identificar e me entregar. A capacidade de me integrar ao meu lugar. Como já foi um dia na minha terra natal, minha cidade ideal. O lugar da minha infância que não volta mais. Sonho com outras cidades para não sedimentar, como forma de me reinventar. E para levar a outras gentes a minha missão. Antes da minha validade acabar preciso encontar outro lugar. Preciso me revalidar. E faço isso mudando de ouvidos e olhares, mudando de lugar. Sou sempre o mesmo (embora lute para não sê-lo). Tenho as minhas manias, minhas chatices, minhas obssessões. É quando mudo os ares que mascaro a realidade sobre mim. Faço acreditar que sou o ideal logo ali. Mas não sou do ideal nada mais do que o real: diferente, mas igual a todos. Fujo dos lugares (e dos outros) como quem foge de si mesmo, porque não suporto meu modo de ser. E quando encontro outros lugares (e outras pessoas) dou alguma utilidade a mim mesmo, renovo minhas esperanças. Chego a pensar que sou viável. Estou (e acho que estarei sempre) em busca de uma nova cidade, de novos públicos. Mesmo que seja no mesmo lugar, alguma coisa precisa mudar. Porque eu não consigo não.

26/05/2009

Mercantilização da Medicina e da Saúde Pública

De 26 a 28/05 o tema em debate no Unicuritiba será a Mercantilização da Medicina e da Saúde Pública, conforme cartaz ao lado. Nos vemos lá. Abraços!

05/05/2009

Ideologias


Administração é para administradores.
Engenharia é matemática.
Medicina é para Poucos.
Direito é de todos.

E para todos.

01/05/2009

Trabalhadores

Trabalha com força.
Quase de graça.
Trabalha com garra.
Mesmo na marra.

Mas vê se não se acostuma com tudo.
Afinal, você não deve nada a ninguém.
A sua força move a economia.
E no trabalho você é alguém.

Faz barulho e para a máquina.
Pensa grande e toma a fábrica.
E saiba que a luta não é em vão.
Que a vida depende de uma decisão.

Isso não é papo de comunista.
É apoio humanista.
De quem precisa de você.
De quem está aqui por você.

Nós sofremos a mesma dor.
E não somos robô.
É hora de participar dos lucros.
E de dirigir nosso destino.

Vamos à luta coletiva.
Contra a exploração
E pela redistribuição.
Essa é a vida!

Hoje é seu dia.
Todo dia é dia.
Todos os dias são nossos.
Tudo é nosso.
Todos são um.

25/04/2009

O que caiu com o muro de Berlim?

Dia 5/5/09 tem mais uma rodada de discussões temáticas no miniauditório do Unicuritiba, às 17:30. O tema dessa vez são os 20 anos da queda do muro de Berlim, com o prof Wilson Maske. A entrada é franca. Até lá.

16/04/2009

Reforma Agrária no Brasil

A propósito do dia internacional das lutas camponesas, comemorado dia 17/4, realizaremos um ciclo de palestras e debates sobre o tema da Reforma Agrária no Brasil, dias 22, 23 e 24/4, no Unicuritiba, sempre às 17:30, no miniauditório.
Até lá!

05/04/2009

Nossos Rumos Meus

Olho pra trás e vejo um rastro.
Vejo um rabo.
Que está apegado a mim.
Penso que sou o hoje,
Mas descubro que sou o sempre.
O mesmo que fui,
Mas diferente.
Diferente do que era,
Mas de alguma maneira,
O mesmo.
O meu futuro?
Nem sei se virá.
Mas pra onde vou,
Depende de quem me acompanhar.
Sou o eu-outro contínuo e infinito.
Dependo de você,
Mesmo que você não saiba,
Mesmo que você não queira.

01/04/2009

Neck

Você sabe o que há de melhor nos cabelos longos?
A ocultação de um pescoço quase inexplorado.
Sabe o que há de melhor em cabelos curtos?
A exibição do pescoço.
No pescoço se escodem os odores naturais da pessoa:
Para o bem ou para o mal do olfato alheio.
Sabe porque algumas pessoas não gostam de pescoços?
Porque os veem como simples suportes de cabeça.
Valorizam mais a cabeça.
O que há por dentro dela
E o que há por fora.
Faces, olhos, bocas, narizes, cabelos e orelhas
São em geral mais valorizados que pescoços.
Cada um tem sua beleza:
Eu mesmo sou obcecado por orelhas.
Mas o que gosto nos pescoço é de sua humildade:
Ele some para valorização da cabeça.
Ele se esconde para valorização daquilo que está apoiado sobre ele.
Ele indica o caminho da beleza facial,
Com todos os seus componentes e acessórios.
Um pescoço não é apenas um suporte de cabeça.
Até porque nem todos têm cabeça.
Uma cabeça pode ser como uma cereja no bolo.
Eu prefiro o bolo.

20/03/2009

Revolução Cubana

A propósito dos 50 anos da Revolução Cubana, realizaremos dia 25/03, no Unicuritiba, uma palestra com o prof Renato Carneiro, professor de História da América Latina do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
Nos vemos lá!

11/03/2009

Perder ou ganhar sozinho

Havia  uma brincadeira que meu pai sempre fazia sobre um amigo dele que era maratonista, que era dizer o seguinte em tom de deboche: "Fulano, chegou em segundo lugar na São Silvestre na categoria dele. (Pausa para a reação de surpresa do interlocutor) Só havia dois competidores". A brincadeira do jeito que era feita, com a ênfase que ele dava, se tornava mortal, todo mundo caía na risada. Mas é claro que se tratava de uma piadinha de mau gosto porque zombava da capacidade (ou até da competência) dos outros.
Hoje pensei numa possibilidade de modificar aquela piadinha do meu pai, dando um tom ainda mais dramático: e se o sujeito da piada em vez de competir com apenas um, competisse sozinho e ainda assim perdesse? Aí lembrei de outra brincadeira infame que ele costumava contar sobre outro amigo: "Beltrano candidatou-se a vereador e não teve nenhum voto. (De novo a famigerada pausa de uns cinco segundos para interlocução) Nem ele mesmo votou nele".
Talvez a idéia de competir sozinho não seja competir, já que competir pressupõe a presença de pelo menos duas pessoas. Disputar alguma coisa consigo mesmo e não alcançar um resultado positivo parece ser um atestado de incompetência. Isso mexe com a auto-estima. A falta de competidores coloca o competidor único numa condição de humilhação se ele não alcança um bom resultado. Essa derrota se torna uma derrota pessoal. Diferente da derrota imposta por um adversário mais capacitado, o que até alivia a consciência do derrotado. Afinal, quem tirou em primeiro lugar estava (pretensamente) melhor preparado!
E o pior é pensar na situação oposta, que mesmo ganhando ele seria humilhado. Quer dizer, se o competidor único ganhasse, apareceria algum sacana que diria: "mas também, com o gol vazio (sem adversários) até eu!"
Competir consigo mesmo deveria ser evitado e até proibido. Só gera traumas.
Mas como as derrotas também ensinam... Bola pra frente.

09/03/2009

Pra lá e pra cá

Pode ser por amor.
Pode ser por prazer.
Pode ser para sempre.
Ou até amanhã.
Pode dar alegria.
Ou preocupação.
Pode só começar.
Pode nem acontecer.
Pode ser muito rápido.
Pode ser devagar.
Quando duas pessoas se encontram,
E se curtem,
Tudo pode acontecer.
Pra lá e pra cá.
São duas expectativas distintas
Ou iguais.
Mas apesar de todas as diferenças,
Pode ser um gostoso presente,
Surpreendente.
Pra lá e pra cá.
Como o balanço do mar.
Essa poesia vai fora do tempo para dichavar.

08/03/2009

Mundo acelerado

Causa-me temor os avanços da contemporaneidade.
Esses avanços sobre mim.
E eu que não avanço, paraliso.
Fecho os olhos para não enjoar com a velocidade do mundo,
Para não enjoar da vida.
E sinto que vomitam em mim sem se importar.
Acho que isso é envelhecer.
__________________________________
Poesia sobre uma experiência nova e ingrata numa viagem de ônibus para São Paulo.

27/02/2009

Já morreu

Ele já morreu
E esqueceu de deitar.
Ele é muito magro.
É uma vara de pescar.

Ele mata aula
Sem necessidade,
Pois é inteligente.
Ele é um imbecil!

Ao retirar-se
Como umm bicho do mato
Os seus amigos
Gritam aleluia!
Aleluia! Aleluia!
.................................
Letra feita em parceria com o grande amigo Cristiano Barros Rangel (Rato) para homenagear um colega de classe do ensino médio, Elton Siqueira de Carvalho, que na época atendia pela alcunha de "Já Morreu", de tão magro que era. Saudades daquele tempo em Campos dos Goytacazes/RJ em que relógio era apenas enfeite de braço.

26/02/2009

Por quê Pagar?

Fui julgado pela polícia,
Fui liberto pelos ladrões.
Só não tenho pila
Pra pagar a luz.
Mas se eu não tenho nada,
Nem onde morar.
Por quê então pagar?
Por quê então pagar?
...................................................................................................
Letra feita e cantada em parceira com meu primo Fábio Edval Reid Fernandes (Didi) em algum dia de 1992.

25/02/2009

Agente Laranja

Agente Laranja.
Agente Laranja.
Tente escapar
Desse espião.
Ele te pega andando
Ou deitado no colchão.

Agente Laranja.
Agente Laranja.
Ele é astuto
E é persistente.
Destrói os corações
E dilacera a sua mente.

Agente Laranja.

Agente Laranja.
É um herbicida

Que mata e deforma a vida.
Fica de olho sim!
Pois deixaram por aí!

Agente Laranja.
Agente Laranja.
Tente resistir
A esse pesticida
O Vietnam
Perdeu a sua vida.

Agente Laranja.
Agente Laranja.
Desfigura até a alma.
E a Mãe Santa
Inda nos pede calma!

Agente Laranja.
Agente Laranja.
Câncer geral
Em toda uma nação.
Violação.
Destruição.
Cadê os direitos do cidadão?
.......................................................................
Música escrita quando eu tinha 17 anos, em algum dia do ano de 1991.

24/02/2009

Amor no Caos!

Até o início da década de 1990 estava, junto com uns amigos, às voltas com a música e o ideário punk. Produzíamos fanzines em papel com temática política anarquista e ouvíamos músicas punk e hardcore praticamente o dia todo. Era nossa trilha sonoro existencial, acompanhando a tendência de atomização do indivíduo produzida pelo caos urbano das grandes cidades, apesar de morarmos em cidade de interior. Naquela época escrevíamos algumas letras de músicas e gravávamos algumas dessas músicas em fitas k7, tocando em "estúdio" improvisado no quarto de alguém. Para desespero dos vizinhos. Alguns desses arremedos de letras e de músicas sobreviveram aos anos e estão dispersos em fragmentos amarrotados e rabiscados de papel que se amontoam numa velha pasta azul e em velhas fitas k7, recentemente encontradas e transformadas em CD para melhor preservação do áudio. O som era é tão cru quanto nossa formação musical e o clima era de pura descontração. Liberdade e contestação típicas da adolescência. Para não deixar morrer a memória daquele contexto, vou publicar algumas letras e textos produzidos por aquela garotada. Naquela época as abordagens das letras transitavam predominantemente entre nacionalismo e anarquismo, mas não é raro encontrar também críticas à sociedade de consumo ou à erotização da adolescência e juventude. Publicar os textos daquele época talvez seja interessante também para compara-los com os escritos mais recentes e estabelecer pontos de conexão e ruptura entre esses momentos históricos distintos. Mas não há dúvida de que aquele período exerceu certa influência em minha trajetória acadêmica, particularmente em minha opção pelas Ciências Sociais.
Começo com a letra da música Amor no Caos, escrita no início dos anos 90.

Em cada casa
Caos!
Pelas ruas
Caos!
Pelas cidades
Caos!
No coração
Amor ao Brasil
No caos!
Amor no Caos!
Amor no Caos!
...................................
Letra escrita em algum dia de 1991.

25/01/2009

Tortura

Você é torto
E me entorta.
Você me dobra!
Você é sujo
E me suja.
Eu te olho!
Você é grosso
E me engrossa.
Você me choca!
Você me conhece a fundo
E eu te conheço.
Você me olha!
Meia vida
Não é meia morte
É inteira.
Minha vida não é minha,
Mas também não é sua.
Paulada!
Sua tortura me tortura.

24/01/2009

Carnaval

Como a folia diria:
Ainda falta alegria.
Samba nos passos,
Beijos e abraços.
Esses dias não são os últimos,
Mas são curtos.
Aproveitar é prolongar,
Ou mesmo encurtar,
Dependendo de quem vê o tempo passar.
Balança a pança
E desce a anca.
Rebola-bola
E franze a testa.
E o que se pensa
Não se pensa.
Nem se vai.
Só se cai.
Cai no samba
E deixa bamba.
Dias de carnaval
São sem igual.
Mesmo sem alegria,
Até sem fantasia,
O jeito é cair na folia.

16/01/2009

Chato!

A sua chatice me chateia.
Achatado
É chato.
Chatear
É chato.
Chato pega!