
Hoje pensei numa possibilidade de modificar aquela piadinha do meu pai, dando um tom ainda mais dramático: e se o sujeito da piada em vez de competir com apenas um, competisse sozinho e ainda assim perdesse? Aí lembrei de outra brincadeira infame que ele costumava contar sobre outro amigo: "Beltrano candidatou-se a vereador e não teve nenhum voto. (De novo a famigerada pausa de uns cinco segundos para interlocução) Nem ele mesmo votou nele".
Talvez a idéia de competir sozinho não seja competir, já que competir pressupõe a presença de pelo menos duas pessoas. Disputar alguma coisa consigo mesmo e não alcançar um resultado positivo parece ser um atestado de incompetência. Isso mexe com a auto-estima. A falta de competidores coloca o competidor único numa condição de humilhação se ele não alcança um bom resultado. Essa derrota se torna uma derrota pessoal. Diferente da derrota imposta por um adversário mais capacitado, o que até alivia a consciência do derrotado. Afinal, quem tirou em primeiro lugar estava (pretensamente) melhor preparado!
E o pior é pensar na situação oposta, que mesmo ganhando ele seria humilhado. Quer dizer, se o competidor único ganhasse, apareceria algum sacana que diria: "mas também, com o gol vazio (sem adversários) até eu!"
Competir consigo mesmo deveria ser evitado e até proibido. Só gera traumas.
Mas como as derrotas também ensinam... Bola pra frente.