31/03/2011

Amarga saudade

Vejo a saudade chegar
E me recuso a aceitar.
E começo a cantar:
E quando ela partir,
O que será de mim?
Qual será meu fim?
Senti o doce de sua presença
No amargo de sua ausência.
É jiló que amarga,
Que me embarga.
Amar go!
ᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥᴒᴥ
Qui nem jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
Se a gente lembra só por lembrar
O amor que a gente um dia perdeu
Saudade inté que assim é bom
Pro cabra se convencer
Que é feliz sem saber
Pois não sofreu


Porém se a gente vive a sonhar
Com alguém que se deseja rever
Saudade, entonce, aí é ruim
Eu tiro isso por mim,
Que vivo doido a sofrer


Ai quem me dera voltar
Pros braços do meu xodó
Saudade assim faz roer
E amarga qui nem jiló
Mas ninguém pode dizer
Que me viu triste a chorar
Saudade, o meu remédio é cantar.

30/03/2011

Só você pode me salvar

Só você pode me salvar,
De mim.
E como sei que não sabe
Como,
Busco meu fim.
Ah, se você soubesse
O bem que me faz!...
O mal que me fez.
Tanto fez e tanto faz.

29/03/2011

poema em letras minúsculas e com poucas correções para expressar um sentimento de desânimo

posso sentir a dor de não conhecer, amor,
um dia novo de viver de novo
a intensidade da infinidade de sua particularidade,
compartilhada comigo no meu abrigo.
não vou suportar voltar a viver cada dia,
de maneira escorregadia,
sem desejar esperar amanhecer o dia.
mas não posso, meu bem, fingir
que não tem neném,
que não tem vintém,
que não digo amém,
expressando a fraqueza da responsabilidade
e a força da culpa.
se borboleta gosta de voar e caranguejo de se arrastar,
onde podemos nos encontrar?
como podemos conciliar tamanha discrepância,
sua vaidade com minha arrogância?
ah, querida, se soubesse o quanto me sufoco,
me fazendo de morto,
buscando encontrar você?

28/03/2011

Somente

Semente se agarra à terra
E dá.
Semente lançada na terra,
Dá.
Semente de pera,
Semente inteira,
Semente pereira.
Você mente!

Se mete
E me mete
Em apuros,
Sem prumos.
Se mente
Não tente
Parecer coerente!

Sem mente,
Sem ente,
Sem dente,
Somente.
Só mente!
Se mate!

27/03/2011

Poesia sobre minha habilidade de saber fazer o que nem sei

Sou remendo pra sua alma,
Cansada,
Dilacerada...
E eu mesmo não me emendo,
Não me entendo.
Então, como posso saber fazer o que nem sei?
→→→→→→→→→→→→→→→
Imagem: "Blessings", de David Cooper.
http://davidcooperart.wordpress.com/2010/11/08/blessings/

26/03/2011

Olhos nos olhos

Queria poder cantar
Olhos nos olhos.
Queria poder viver
Olhos nos olhos.
E ver o que não se enxerga
Sem conviver.
Queria estar tão à frente,
Que pudesse olhar pra trás
E sorrir.
Quando desaparecem
Olhos nos olhos,
A dor é mais intensa.
´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´
Inspirado na música homônima de Chico Buarque.
O desaparecimento é a tortura mais cruel que se pode realizar, porque ele deixa feridas abertas e um fio de esperança no ar. A esperança pode ser apenas por dar um adeus, mesmo de longe, mas com clareza de que o fim chegou, definitivamente. Enquanto o corpo não é sepultado a dor não é enfrentada como deveria. Um dia o corpo se decompõe, mas a memória não.

25/03/2011

Sobre a loucura de você

Estive pensando sobre a loucura e não me vejo como a vítima. Não me vejo e como a vítima. Essa minha loucura é o que desejo, sem freio. E (me) sacrifico pra viver. Para viver (n)essa loucura, que me esclarece e enriquece. Se essa minha loucura também pudesse enlouquecer você, seria pr'além de louco, feliz. O que me diz?

24/03/2011

Falo!

Falo pra todos com os quais sei poder.
Falo achando que sei dizer.
Falo querendo encontrar você.
(E a mim)
Falo como quem sabe que não sei fazer.
(E quem não faz, fala)
Falo o que me atormenta e empolgo você.
Falo que me atormenta e empolga você.
Falo!
Falo sem saber porquê.
Falo sem saber o quê.
Falo, doa a quem doer.
Falo pra você!
Falo.

23/03/2011

Novos caminhos

Há muitos caminhos que conduzem a um lugar. Há muitos caminhos que conduzem a muitos lugares. Há muitos caminhos que conduzem a lugar nenhum. E há lugares que não se pode chegar. Que pra chegar é preciso trilhar. Ou voar. E descer bem devegar. Até chegar. Chegar a lugar nenhum pode ser um novo prazer. Um novo prazer de viver. De explorar o impossível. O improvável. E só.

22/03/2011

Only one way?

Confusão me confunde
E quando fico confuso,
Eu me desgasto,
Me arrasto,
Me entrego
E estrago.
Eu me perco nas minhas confusões.
E me encontro nelas,
Em cada uma delas.
Descobrindo novas vias,
Novas vidas,
Num mesmo lugar.

21/03/2011

Massinha

Sou massinha de modelar
Mas não gosto de fôrma,
Nem de pressão excessiva,
Mas sempre na medida.
Assumo a forma que quiser,
A forma que você me der.
Sou para ser amassado,
Com cuidado,
Apalpado,
Apertado,
Acariciado,
Alisado...
Mas tenho validade.
E quando meu prazo se esgota,
Fico esfarelado,
Ressecado,
Ressacado
E preciso ser descartado,
Reciclado.

Sou massinha de modelar você?
Sou massinha pra modelar você?
Sou massinha modelar pra você?

Fica assim.

20/03/2011

Ver você

Vejo tudo que posso,
Tudo que quero.
Vejo você e não vejo
Por que não ver?
Vejo você
E você não me vê.
E quando me vê,
Finjo não ver;
Finge não me ver.
Ver o que não se quer,
Faz sofrer.
Ver você sem sequer
Poder,
Melhor nem ver.
Vejo só o que quero,
Jogo fora o que não quero
E finjo não ver (nem querer) você.
Vivo bem sem você;
Vivo vendo você.
E você nem me vê.
Você precisa de uma lente
De ver gente,
Divergente de você,
Pra me ver.
Pra saber que ver
É melhor que fazer.
E que ser é viver,
Mesmo sem se ter,
Mesmo sem você.
Agora vê você!

19/03/2011

Alma fracionada

Vou fatiando minha alma
E distribuindo pedaços de mim,
Por aí,
A quem quiser.
E vou me dando em pedacinhos inteiros,
Sem nenhuma reserva,
Nenhuma frescura.
Sem ser entendido,
Sem temor,
Nem pudor.
Isso não é boa ação,
É auto-degradação.
E quem quiser um pedaço de mim,
É só me pedir.
Vou me partindo em pedaços
Pra você montar,
Com toda delicadeza e paciência
Até gritar:
Acabei!

18/03/2011

Recordações tormentosas de um aprisionado apaixonado

Olho para o nada e vejo tudo,
Tudo que me lembro,
Cada momento,
Com todo sentimento,
Como se fosse um tormento:
Borboleta esvoaçante,
Hidratante,
Sorvete de morango,
Perfume francês,
Folk irlandês,
Unhadas,
Gargalhadas...
Essa ocupação consentida da mente
É tão reticente
Quanto um olhar penetrante.
Que marca a pele nua,
A memória
E a paixão.
Onde foi parar a mansidão,
Que liberta o aflito
E contrito coração?
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Esqueci quando escrevi. Melhor nem lembrar. Nem tentar.

17/03/2011

Sem querer

Sem querer, quero você.
Sem poder, podo você.
Sem pensar, penetro você.
Sem dizer, calo você.
Entrego-me a você,
Até me perder,
Até sem querer.
Sem querer, quero você.
┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐┌┐
Você pode começar de onde quiser (de trás pra frente ou de frente pra trás) ou pode recortar e colar as partes que vai dar no mesmo fim. O meu fim: você.

16/03/2011

Sob o domínio da razão

Você é a razão que não tenho. Nem você. Sorte a minha que sua razão me assistia. Sua razão é de morrer, minha razão de viver! Que bom que tudo acaba. E também a razão. Quando você não tem razão sou mais feliz. Ser feliz é minha razão de viver. Com você.

15/03/2011

Inchada

Minha barriga está inchada
De tanta feijoada.
Minha coxa está inchada
De tanta pedalada.
Minha mão está inchada
De tanto dar porrada.
Minha cabeça está inchada
De tanto levar paulada.
Minha bunda está inchada
De tanto ficar sentada.
Minha alma está inchada.
Na verdade, destroçada,
Humilhada
E atormentada.
E não há parte inchada
Que me prive da enxada.
Trabalho na pensada.
E vivo disso,
Sobrevivo!

14/03/2011

Quando o sol chegar

Quando o sol aparecer
Vamos nos esconder.
Mas enquanto ele não vem,
Vamos aparecer,
Vamos nos parecer,
Nos pertencer.
Mas sem pertencimento,
Sem propriedade
Nem maldade.

Quando o sol chegar,
Vamos aproveitar
E revelar
O que parecia perdido,
O que estava escondido.
E suportar as marcas do tempo.

13/03/2011

Homo-cactus

Esse é meu dilema:
Firo quem me ama
E furo quem me atura.
E sinto em mim sangrar a ferida sua.
Sei que não há o que estanque,
Em nenhum instante,
O mal que produzo em você.
Só eu,
Sem ninguém.
Só,
Com você.
Impossível ser.

12/03/2011

Possessão II

Traga um charuto
E o tambor também.
Aguardente já tenho aqui.
Quando você chegar,
Com sua saia rodada
Vou bater o tambor
Pra você rodar,
Bailando de um lado ao outro,
Envergando,
Como quem vai cair.
Não em si.
E você vai rodar segurando a barra da saia
Até o transe começar,
Até cair no terreiro
E rolar,
Pra lá e pra cá.
Sem parar.
Até o transe terminar.
E quando se levantar,
Não vai se lembrar mais de nada,
Só desse lugar.
E da necessidade de voltar.
E nenhum santo (ou demônio)
Vai nos deter.

11/03/2011

Possessão

Estou sempre possuído. Sou um cara possuído por muitas criaturas estranhas. E as vejo de forma interessante. E elas me vêem de modo intrigante e instigante. E tomam conta de mim.

10/03/2011

Inimigo

O inimigo vive comigo,
Com seus chifres longos,
Seu rabo caído
E suas garras afiadas.
Eu mesmo criei,
O alimentei.
E agora que cresceu
(É maior que eu),
Não consegue mais sair daqui,
Depende de mim.
Vou ter de reduzi-lo a nada.
E vai dar trabalho.
Vou começar cortando os chifres.
Aos poucos.
Depois vou serrar o rabo
(Pra isso vou cerrar o rabo).
Por fim, vou quebrar as garras,
Senão me agarra.
Acho que vai ser doído,
Porque sou possuído.
Mas será melhor assim,
Melhor pra mim.
Por isso, farei sem dó.
Sem sol,
Nem ré.

09/03/2011

Cobra

Sou cobra criada.
Sou inteligente:
Isso me torna atraente,
Envolvente.
Essa é minha arma;
Isso me amarra.

Sou enrolado.
E cada vez que desenrolo,
Mais amarro
(E me amarro):
Sufoco,
Inoculo,
Devoro.

Serpenteio elegantemente,
Coloridamente,
Hipnotizantemente.
Sou arguto,
Astuto,
E me faço de morto,
Pra enganar o incauto.
E deixar meu veneno.

08/03/2011

Folia, solidão e alma

Ela chega da folia, com toda hipocrisia, em plena luz do dia e, com grande apatia, lê minha poesia. E descobre que não faz parte da minha vida mais. Ainda de meias calçadas, pinturas pesadas e pernas cruzadas, lamenta minha ausência sem acreditar que não esteja mais ali. Ela sente minha falta sem saber bem o que lhe falta. E lhe digo, com toda calma, alma! E nada mais.
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"Nu feminino com meias verdes", pintura de Egon Schiele feita em guache, aquarela e plumbagina, em 1912.
Acabou o carnaval. Agora o amor vai começar. E o ano vai acabar. Lentamente.

07/03/2011

Caranguejo-leão

Sou caranguejo que ruge.
Sou fraco e assutador.
Tudo ao mesmo tempo,
Tenho a sensibilidade da arte
E a força da classe.
Venho de baixo
Da terra.
E sempre fujo pra lá.
Mas meu meio é o mar.
Minha fraqueza é o mar,
Apesar de assustar.
Minha fraqueza é maior,
Minha franqueza, menor.
E não assusto tanto quanto gostaria.
Por isso, fugir se torna mais forte que rugir.
Fingir é um modo de fugir.
E não resolvo nada,
Não tenho força.
E me envolvo todo,
Sem saber parar,
Como que levado pelas ondas do mar.
O lamaçal é minha casa.
Lá é meu lugar.
E levo tudo pra lá.
Guardo tudo comigo.
Não pra colecionar,
Mas pra me sentir seguro.
Afinal, vivo só.
Lá eu me alimento,
Me escondo
E morro.
Quando os catadores vêm,
Viro comida rara,
Comida cara.
E se não sou logo comido,
Estrago,
Azedo,
Apodreço.
E se perde o melhor de mim,
Minha carne,
Minha maldade
(Que é minha puã)
E minha sensibilidade.
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Texto poético em que brinco com meu signo (câncer) e ascendente (leão), fundindo-os num animal novo (caranguejo-leão) que traz em si um pouco dos meus próprios modos de vida, que expressam também meus maiores defeitos. Pra quem quiser fazer meu mapa astral, nasci às 8h20 do dia 29/06/74. Boa sorte!

06/03/2011

O quadro

Fecho os olhos e vejo
Um quadro que não foi pintado.
E nem será.
É um quadro abstrato.
Mas há nele algo de concreto e derradeiro.
É um quadro manchado
De cores purpúreas
E ar sufocado.
Isso que chamam inspiração
A mim parece alucinação,
Mania de perseguição.
Mas vamos consumindo tudo.
Até o fim.
Sempre atrás de um começo.

05/03/2011

Vou voar!

Abandono a história, pra me agarrar ao vento. Lamento! E sou afligido pelo tormento, que preenche meu momento. E não me enche de nada relevante. Mais vou longe. Longe de você; longe sem você. E se cair, não vou desistir. Vou subir bem alto e me lançar abaixo. Vou voar, você vai ver!
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Foto tirada em Cachoeira Alta, município de Alfedo Chaves/ES, em janeiro de 2011.

04/03/2011

Gato não voa

O gato acuado subiu no telhado. Olhou para todos os lados e se sentiu angustiado. Estava sem saída: suas setes vidas oprimiram sua única. E não sabia o que fazer, não tinha pra onde correr. Olhou para baixo, como quem calculasse a altura da queda, pegou um fôlego profundo e lançou-se. Foi caindo com um miado constante e estridente. Assustado e com as unhas de fora, como se fosse agarrar-se em algum lugar. Mas não havia onde se agarrar. Caiu e se arrependeu de ser tão solitário, de amar seu território e não a sua dona. Pelo menos naquela noite dormira abraçado a sua nova dona, à mesma dona, que agora o vira renascer, sobreviver. Voltou ao antigo lar, com outro olhar. E acomodou-se, temendo que precisasse de asas pra voar. E reconhecendo que chegou perto disso, mas que o chão o lembrou de que não pode voar. Talvez apenas sonhar.

03/03/2011

Silêncio para sempre

Fechou as portas e janelas da casa pra ouvir o silêncio de dentro, de perto. Mas ouviu um som que não o convenceu, achou que ainda havia barulho no local que era seu. Desligou todos os equipamentos e a energia. Ficou quieto, mas havia um inseto. E teve que acender as luzes para caçá-lo. Era um mosquito, voando ao infinito. Esperou ele pousar e... Pá! Agora sim, o silêncio iria chegar. A essa altura estava suado, porque estava tudo fechado. Mas foi em frente, buscando o silêncio de sempre. Desligou de novo os aparelhos. Ficou inerte, deitado no chão, e as memórias o assolaram, azucrinadamente. Como se não bastasse o barulho da cabeça, o vizinho ligou o liquidificador. Vrruuuuuuuuuuummm. Atrapalhou sua experiência. Esperou ele terminar o suco, enquanto desejava que fosse de maracujá, pra ele mesmo se acalmar e deixa-lo continuar. Pronto, voltou a se concentrar. Estava quase lá. Quase lá. Lá lá lá lá lá lá lá... Alguém cantando no chuveiro. "Merda de cantoria desafinada!" E antes do berreiro acabar... Toc, toc, toc. Alguém bateu à porta. Olhou pelo visor da porta e descobriu que era a sogra. Agora sua experiência acabou, pensou. Ela iria impregnar até ele se jogar. "Ei?", conjecturou. É isso! Começou a correr pela casa e gritar feito um doido, com todo pulmão, o que pensava da sogra. Falou um tremendo palavrão. E a velha ouviu tudo o que dizia com enorme apatia. Com um sorriso nos lábios, encontrou uma janela aberta para sua experiência. Experimentou o silêncio eternoooooooooooooooooooooooooooooo. Fim. Quer dizer, pra ele. Quem ficou não suporta o barulho do silêncio que experimentou. E a sogra, percebendo que as coisas não estavam boas, invadiu o apartamento derrubando a porta. Ainda conseguiu segurá-lo pelo cabelo enquanto estava passando pelo parapeito. Os vizinhos juram que ouviram ele gritando palavras duras contra a sogra e que quando chegaram na janela, depois de ouvir um grito enorme, viram a sogra puxando o genro pelo cabelo e jogando-o janela abaixo. Seus cabelos ainda foram encontrados em suas mãos, e em muitos outros lugares. A viúva não fala mais com a mãe, que está presa há um ano, condenada por homicídio. E digo, silêncio para sempre?, só pra quem jaz. Porque quem fica, não vive em paz.

02/03/2011

Prego pregado

Sou um prego enferrujado e enfiado,
Em algum lugar.
Minha cabeça anda dormente.
Acho que preciso de umas batidas,
Pra desadormecer,
Pra desendurecer
E sair:
Daqui
Pra aí;
Daí
Pra aqui.
Sem você me dar
Medo de tentar;
Sem você me dá
Medo de tentar.
Continuo pregado.
Mas preciso sair,
Pra me enfiar em outro lugar
E dormir.
Até o dia em que acordar
Que chegou a hora de partir,
Pra outro lugar.
Acho que farei isso sem parar,
Quando começo, não sei parar.
Não quero parar.
De matar
E amar,
Sem nem pensar.
Sei não pensar
Sem paralisar,
Sem analisar,
Nem alisar
O ego
E o cego.
E faço isso com toda simpatia,
Na maior idolatria,
Mesmo em meio a tanta gritaria,
Em plena luz do dia.
Mas só me meto onde sou chamado,
Amado
Ou desejado.
Prego a liberdade
E amarro você,
Prego você sem dó nem piedade.
E não sei pra que?
Talvez por pura vaidade.
Ou necessidade.

01/03/2011

Mimada!

Você acabou com o que não tinha;
Abalou o que temia;
Apagou o que concebia.
E você sabia,
Mas não resistia
E fazia o que queria.
Afinal, seu querer
Sempre foi poder
E me foder.
Fazer o quê?
Junto o que sobrou e vou embora.
Até qualquer hora!