29/02/2012

Agitação

Você anda agitada,
Agitando
E angustiando
Quem passa por você
E até quem ainda não passou.
Mas vai passar.
Tudo vai acabar, bem!
E sentiremos as forças minguarem
Até que tudo volte ao seu lugar.

28/02/2012

Luxo

Eu me torno caro
Ao mesmo tempo em que me torno raro
No seu mundo vazio de mim.
Paro
O que faço
Porque sei
Que não dei
Pra você,
Nem motivo.
E queria ter dado mais.
Quem sabe assim não enjoaria
E vomitaria,
Minha saudade!

27/02/2012

Concurso

Vi vidas passarem,
Traspassarem
Minha cabeça aberta
Por feridas
Concursivas
Das vidas competitivas.

Vi pessoas passarem
Sem crédito,
Sem mérito...
E nunca sei como será o fim.
A não ser que me deixem chegar,
Se eu mesmo não me sabotar
Ou você não me atrapalhar.

Vi gentes passarem por mim
Sem nenhuma gentileza
Ou simpatia.
Só você me salvaria
De tanta covardia.
Obrigado por só habitar
Meu mundo acompanhado!

26/02/2012

O que você quer que eu não?

Você pede pra eu sumir.
Depois, pra eu não te ouvir.
E fico sem saber
O que fazer.
Talvez seja melhor apanhar na cara
Que advinhar o que você quer,
Pra compatiblizar com o meu querer
Você
Batendo em mim.

25/02/2012

Siglas malditas?!

Não vem de TPM
Que eu trago THC.
E se não resolver, vou de TNT,
Pra destruir seu TOC de mim
E fazer você observar seu TDAH.
Não tenho paciência nem HPV.
Então, se toca e vai pra frente da TV.
Ou pego meu GPS
E vou a algum lugar GLS.

24/02/2012

Estudo dos astros que somos

Essa coisa de astrologia é grande
Bobagem
Na cidade?!
Ninguém deveria consultá-la.
Sem astros,
Como eu
Faria
Com você?
Onde já se viu astros serem seguidos,
Serem guias guiados?
Como poderiam os astros limitarem os astros que somos?
Nunca entendi
Porque
Nunca segui
Algo tão primitivo
E primordial?!
Não vou adiante
Porque preciso estudar
Os astros.
Se é que ainda conseguimos enxergá-los
Na cidade grande,
Que é maior que nós,
E faz a gente se perder.
Preciso de um mapa
Pra melhorar meu astral.
Mesmo que digital.

23/02/2012

No aeroporto internacional

Vejo todos esses rostos
Como fragmentos da explosão da história
De cada um sobre mim.
São estilhaços espalhados
Por todos os lados,
Perpassados em mim.
E sangro a força da covardia
Que estufa meu peito,
Diante de tão grande agitação,
Como uma lata de sardinhas estragadas.
E passo mal com o cheiro nauseante
E o medo do aperto que me constrange.
São passos apressados,
Cabelos pintados,
Cheiros misturados,
Corpos desengonçados
E saudades encontradas.
Mesmo sem saber,
Está na cara comum de cada um,
De todos os desconhecidos.

22/02/2012

Choro e lamento

Às vezes fico buscando motivos pra chorar, pra lamentar: um bom filme de drama, um olhar atento em volta, uma saudade da infância, um bate-boca fora de hora... Não sei porque querer sofrer se a felicidade está no viver sem querer?! Não há prazer que não me faça temer e tremer. E mesmo sem chorar, lamentar. Mas sigo firme, porque meninos não choram. Só lamentam. E como!

21/02/2012

Pedrão

Pedrão?!
Ah, Pedrão!...
Que surpresa ver você!
Como aprendi a me ver em você!
Com seu jeito compenetrado
E seu olhar calmo,
Esperando aprovação.
Seu silêncio altissonante
Fugindo de confusão.
Dizem que você se parece comigo,
Mas isso seria pra você um castigo!
Mas não há mal que me faça
Deixar (de amar) você!
____________________________
Homenagem a Pedro Bassetti Santos, o caçula.

20/02/2012

Tito

Você não é o mais bonito.
Se fosse teria dito.
Sua força é um mito
E o cinto confirma isso.
Mas você com seu tipo,
Mexe comigo:
Amo você, Tito!
--------------------------
Tito Bassetti Santos, esperado desde o início!

19/02/2012

O olhar e o sentir

Quando uma notícia ruim vem,
Vem duas,
Vem três...
Vem seis.
O porquê eu sei:
É que o ruim não é a notícia em si,
Mas o olhar que faz sentir.
Quando o dia é mal
É porque você está mal.
E se a vida não é boa...
Complete essa lacuna.
E olhe para o outro lado.

18/02/2012

Sobre a tal da felicidade!

Não há felicidade
Em nenhum lugar,
Pode procurar.
Só há desejos
Satisfeitos.
E insatisfeitos,
Querendo melhorar...
Em todo lugar.
E conseguir
Repetir...
Repetir...
Repetir...
Desejos
Satisfeitos:
Felicidade!
§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§
And you tease me inspiration!

17/02/2012

Dúvidas sobre a verdade

Uma grande verdade,
Se fragmentada,
Deixa de ser verdade,
Vira uma mentira?
Ou uma grande verdade,
Quando fragmentada,
Viram várias verdades?
Se esses cacos de verdade me machucarem,
Saberei que são verdades.
Porque mentiras só,
Embrutecem...
E confortam.
Verdades cortam!

16/02/2012

Sonhos molhados de saudades

Tenho sonhos conturbados,
Ando mesmo perturbado:
Vejo uma pegada firme na cintura fina,
Borboletas voando pra algum lugar,
Sem pousar,
Sorrisos abertos
E gargalhadas alegres.
Vejo olhos virados e lacrimejados,
Gemidos sussurados...
Não vejo dor,
Apesar do choro,
Tocado com vontade,
Cheio de saudade,
Que é de onde vem o sonho tormentoso da razão,
E amor,
Pra onde você foi?
Quando você volta?

15/02/2012

Nina

Menina Nina,
Conquista da minha vida,
Fruto dos meus recursos mais escassos.
Você me deu muito trabalho.
Também, marinheiro de primeira viagem...
Embora cheio de coragem
E disposição,
Não via a hora de você aprender a lição
De que pra viver
Tem de escolher.
Querida minha,
Queria ter dado a você mais atenção.
Mas atenção,
Tudo que fiz foi de coração!
Mas preciso dizer
Que muito sofri por amar você,
Que sofri pra amar você!
E não me arrependo de nada.
Faria tudo de novo,
Só pra ver seu sorriso torto.
================================
Pra Nina Bassetti Santos, minha filha predileta.

14/02/2012

Buchanan's 18

Hey, Buchanan's,
Só você não me abandona!
Mas também não me ajuda
E descobre minha saudade.
Mas a culpa não é sua,
É de quem te quer,
Seja homem ou mulher!
Se a Escócia fosse aqui...
Já teria tirado a saia;
Já, tiraria sua saia.
E dormiria a seu lado,
Totalmente pelado.
Até voltar a lucidez.
Se é que um dia ela volta!
Se não voltar,
Terei de procurá-la
Em todo lugar.
Por enquanto, vou curtir a fossa,
Ouvindo mais uma bossa,
E um outro fim de dia.
¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬
Nem sempre o dia termina quando chega ao fim. Nem sempre sabemos dizer se o fim está mesmo ali, diante de nossos olhos, de nossas bocas e corpos colados... Ou se é tudo ilusão. E se for ilusão, me deixa sonhar! Não me mostre a realidade ainda! Quando a ficha cai, eu também.

13/02/2012

Preto

É só um preto perdido só
Na escuridão da desigualdade.
Um zé
Ninguém
Sabe quem
É!
Talvez não.
Nenhum senão.
Além de perdido
E só.
Acompanhado dos seus iguais,
Todos desiguais.
E nada mais.

12/02/2012

Olhos que falam

Seus olhos vermelhos
E seu rosto molhado
Dizendo que sim.
E você, não.
Posso entender.
/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\
Imagem: Maravilhosa fotografia de Carlo Mollina!

11/02/2012

Coroa

Fui atrás de uma coroa
E a ganhei no braço
E na pedalada.
Foi marcante.
Mas não a vejo mais.

10/02/2012

Ocupação poética dos espaços pelados

Corpos de poesias nuas
Em todas as suas
Aventuras poéticas,
Em todas as ruas.
E casas?
Poesias sem corpos
Mas encorpadas
E espalhadas
Por todos os lados,
Em todos os muros,
Nas casas,
Nas calçadas,
Nas caladas...
E nos mirantes.
Mais poesias que carros,
Que gentes,
Visíveis a olho nu.
Todo nu
Em todo corpo urbano.
Pra matar de prazer.

09/02/2012

Depois da tempestade

Depois da tempestade vem...
Os mosquitos,
Os mendigos,
Os conflitos,
O calor...
Humano
Do bate-boca,
Do bate-coxa,
Do leva-e-traz.
E eu atrás,
Querendo sempre mais
Você
Do que eu.

Depois da tempestade vem você,
Toda molhada,
Querendo toalha
E um pouco de mim.
E estou sempre aqui,
Pronto pra você,
Meu amor caliente,
Exigente,
Minha tempestade em copo d'água.

08/02/2012

Corpos poéticos

Tenho fascinação pelos corpos.
Pela fragilidade que abriga o frágil
E por sua força imaginada.
Os corpos expressam algo impossivel,
Aparentemente irreconciliável,
Essencialmente Inimaginável,
Inseparável:
O ser e o nada,
No corpo e na alma.

O corpo é o que já foi.
E sempre será
A camisa de força que sustenta a liberdade,
A quimera,
O amor...
Sentidos em cada dor,
Em cada temor,
Ruga,
Cãimbra,
Prostração...
Corpo a corpo.
E todos juntos são,
Todos sãos,
Corpos poéticos.

07/02/2012

Predileção

Preciso confessar minha predileção pelo erro,
Pelos errados,
Pelos pelados...
Fico assustado com o certo, o direito.
Vou vagando por aí e observando os tecidos poídos e as costuras tortas,
Os sorrisos marcados e os olhos enrugados.
As marcas na parede da sala falam muito de mim,
As folhas caídas pelo chão...
E as roupas balançando no varal ao sabor do vento da tarde.
Tudo expressa a arte da vida,
Cheia dos melhores erros incorrigíveis,
Da vida suja que se leva e não se lava.
Inda bem que o erro não nos corrige.
E acerto em cada deslize,
Em cada desordem.
Eros errantes,
Gritantes.
Erros reticentes.

06/02/2012

Ateliê do prazer

Quero um ateliê
Pra dar asas a meu querer.
E nem sei se tenho talento.
Mas se não tenho,
Aprendo.
Apreendo
Com você
Meu eu
Libertador.

05/02/2012

Um quebra-cabeça pra você

Sou um,
Um quebra-cabeça pra você.
E tenho muitas peças
(algumas perdidas).
Sou um quebra-cabeça pra você.
E me espalho no chão
Pra você montar
Bem devagar.
Buscando gozar
A vida como se fora só,
Só nós,
Apertados como tem de ser,
Encontrados em todo lugar,
Em todas as línguas:
A puzzle,
Un homme,
Una mujer y...
Sie.

04/02/2012

Fim da infância perdida

Seus olhos
De fogo,
Seus braços
De aço
E seu peito
Gostoso
Deitam sobre mim
Como pura fantasia
De fim de infância,
De viver na elegância
Da beleza,
Perdida.
Foi-se mais um dia.
Mais um dia menos...
Saudade!

03/02/2012

Cobra safada

Durmo e você me acorda!
Você me cobra
E eu enrolo você.
Fecho os olhos e subo em você:
Subo por suas pernas,
Penetro suas coxas,
Atravesso seu ventre
(livremente),
Circundo sua cintura,
Alisando-a,
Analisando-a,
Inteiramente.
Esfrego-me em seu umbigo,
Mordo seu bico
E lambo seu pescoço com prazer,
Sem me deter.
Vou embora e deixo você extasiada,
Cheia de memórias
E dúvidas.
Volto a dormir.
Esperando que me acorde
Mais uma vez.
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Imagem: "Natassja Kinski e a serpente", foto de Richard Avedon (1981).

02/02/2012

Saudade da idade ideal de amar você: já!

Já foi embora a saudade!
Foi embora de noite,
Sem dizer adeus!
Foi quando você chegou,
Quando me abraçou na praia,
Diante de olhares famintos
E suspiros.
E nem sei por onde foi que andamos
Naquela noite escura em que nossos olhos brilhavam,
Iluminando o caminho à nossa frente
E nos cegando sobre as pessoas ali.
(Havia alguém além de nós?)
Quando acordei ela voltou:
Saudade!

01/02/2012

Olho

Olho.
Olho basta!
Olho bastante.
E nunca me basta
Olhar você.