25/06/2010

"Não quero ir embora"

Que animal é esse que vaga pelas montanhas
Alimentando-se das pastagens alheias,
Devorando minha razão?
Que animal é esse que circula entre as cachoeiras
E se abre como em Titanic,
Abraçando-me de coração?

Suas lágrimas me cativaram.
E quando vejo seus olhos brilhando,
E descubro que a fonte se abre por mim
(Ou gostaria de pensar que sim).
Então, gostaria de ficar aqui.

Todo esse carinho me deixa atordoado.
Suas idéias,
Suas lágrimas,
Seus papos,
Seus abraços,
Sua boca...
Liberdade!
Você vale por duas!

Vamos a um lugar democrático,
E não será para falar das crianças,
Mas por enquanto...
É melhor eu ir.
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C vc ñ se identifica, ótimo!

24/06/2010

Bocas

Bocas dizem muito.
Ou quase nada.
Bocas dizem;
Bocas calam.
Há muitas bocas:
Boca Santa,
Boca Podre,
Boca seca,
Boca molhada,
Boca virgem,
Boca rasgada,
Boca Maldita,
Boca inchada,
Boca delícia,
Boca amarga,
Boca Juniors,
Boca engraçada,
Boca de fumo,
Boca carnuda...
Mas não há boca que não seja usada.
Algumas mais,
Outras menos;
Umas pra lá,
Outras pra cá.
Mas todas usadas.
E o uso a faz melhorar.
Bota a boca no mundo,
E comece a experimetar
O gosto da boca mudar.
E fique de boca aberta.
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Quando soube que depois de um beijo alguém elogiou a boca beijada e não a pessoa beijada, pensei na fetichização da boca e na desporsanilização do sujeito. Mas pensei também, e daí? Ainda que a boca não seja bacana, ela pode se encontrar. E esse encontro produz uma explosão capaz de queimar até a razão. Outra coisa, pode ser mesmo que a pessoa beijada seja mais boca (ou outras partes do corpo) do que gente. Relaxa! Por que tudo deve ser tão sério?

19/06/2010

Volta

Foi-se o tempo da ordem.
É chega a hora da desordem.
E quem disser que esse é o fim,
É porque confiou nas retas;
É porque acostumou-se com o chicote;
É porque gostou da repetição.

Como considero a estabilidade temorosa,
Vibro com a reaproximação do caos.
O caos que envolve, arrasta, derruba e tira os sentidos.
Ele é o próprio sentido;
Ele é a pulsação da vida na sua forma mais humana,
Crua,
Errônea,
Finita...
Viva!

Quem precisa de âncora são os navios.
Eu quero vagar nas marés enfurecidas da costa.
Enfrentar a secura da boca, sedento de amor,
Bebendo a água que derrama dos olhos.
Quero ficar com os olhos cheios d'água
E enxergar torto o que está direito.
Porque nada é só o que se vê
E tudo é o que se vê.

Eu vejo alegria na luz do dia.
Vejo as ondas batendo na praia e meus pensamentos voam.
Preciso da confusão para lembrar quem sou:
Da minha fraqueza, da minha limitação, da importância do outro.
Preciso do "inimigo" pra lembrar da luta.
Pra não esquecer que a segurança é fugaz
E o consumo também.
Preciso da dor para valorizar o amor.
Pra ver que acho e não sei.
Pra ver se acho você.

Quero encontrar o outro cambaleante,
Carente,
Temente
E feroz.
E invocar minha incapacidade para encontrar forças
Pra lutar,
Enfrentar o desconhecido de peito aberto.
E triunfar.
Na certeza de que busco fazer sempre o meu melhor,
E de que não consigo fazer tudo certo.
E é essa convicção de que sou um errante
Que me faz valorizar a imperfeição,
Encontrar beleza nas curvas,
Nas ranhuras,
Nas rugas,
Na sujeira
E na oscilação.

Olho para as marcas na madeira e celebro o desgaste que o tempo produz.
E penso em como seria infeliz se não enxergasse os erros.
Como seria infeliz se não fosse o erro!
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Obs: é preciso lembrar que errar sem a humildade do reconhecimento do erro marca a vida do outro com nossos erros e diminui a possibilidade da reconciliação, que é a própria renovação da tentativa de acertar.

18/06/2010

Perda

Rodei por aí buscando um lugar definitivo.
Hoje percebo que perdi tempo em querer parar.
A maior graça da vida está em descobrir o que há.
Faz a gente se sentir importante, ativo e cativante.
A gente poderia ser mais feliz se valorizasse a proximidade cotidiana.
E se soubesse mesmo
A falta que o outro vai fazer e como a ausência
Faz chorar o coração.
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Mas... Valeu!

04/06/2010

Diga não!

O título dessa postagem é o título de uma música da banda Raízes. A música nos lembra da importância de saber dizer não. No caso da música o tema se desenvolve em relação à tentação das drogas na juventude. Mas a lição de aprender a dizer não vai muito além do caso específico de experimentar "viagens loucas" com as drogas, "prazeres que não podem durar". Saber dizer não é fundamental sobretudo para não criar expectativas erradas nos outros. Para não criar expectativas de que se possa fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Sei o quanto é difícil dizer não numa sociedade em que estamos acostumados com as trocas de favores, numa sociedade em que dizer não pode significar fechar portas. Dizer não se torna bastante difícil numa sociedade em que vivemos na base da idéia de que "para bom entendedor, meia palavra basta", em que esperamos que outro entenda as indicações, os "toques", que damos.
Se você tem dificuldade de dizer não, não se sinta fraco. Provavelmente essa não seja uma fraqueza sua, ou um problema de personalidade fraca, mas parte de uma cultura conservadora e omissa que desenvolvemos para manter as coisas como estão, para não confrontar o outro. Já que confrontar o outro pode significar prejuízo próprio, numa sociedade em que "a que se faz, aqui se paga". Teimamos em ser desleais sempre que fugimos do confronto/conflito com o outro esperando que esse outro conheça (ou advinhe) nossos interesses, nossas vontades. Mas não desista, nunca é tarde para aprender que "é preciso coragem para dizer sim, é preciso coragem para dizer não", como canta uma outra banda, a banda Resgate.
Diga não! O não duplamente libertador: libertador de si e do outro. E viva a liberdade! Até!