15/11/2009

Contradições?

O religioso ama o mundo,
Mas odeia a sogra.
O torturador é um bom pai.
O humanista bate na filha.
A mãe amorosa faz tráfico de drogas.
O filho rebelde chora a morte do pai.
O traficante não usa drogas.
O viciado não compra drogas.
O presídio não recupera.
A sala de aula, também não.
As leis se multiplicam.
Os crimes também.
A tecnologia é cada vez mais avançada.
Mas nada elimina a necessidade do sono.
Conhecemos a vida na sua complexidade.
Mas não somos capazes de criar a imortalidade.
A aceleração da vida cotidiana
Não muda o ritmo da morte:
Ela vem certeira,
Quando eu menos espero.
Tudo isso parece contradição
Ou aponta para nossas limitações,
E para a necessidade da fé.
(Dedico aos companheiros de jornada. Eles sabem quem são porque se identificam com as idéias. O que está aqui não é melancolia, é reconhecimento/humildade e esperança/projeto: "não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse pratico". Mas como realizar mudança sem correr o risco da vida? É preciso seguir em frente, vivendo, refletindo e decidindo, não necessariamente nessa ordem.)