24/04/2008

Carta a um amigo

Querido amigo,
Sinto-me participante da dor que você provocou e da que com certeza sentiu, e talvez ainda esteja sentindo, com tudo que passou. Sinto-me também culpado, achando que a nossa distância talvez tenha criado oportunidade para que tudo acontecesse desse jeito. Afinal, éramos tão unidos e presentes na vida um do outro... Fico pensando, "quem sabe se eu estivesse por perto"... Ou, "se eu procurasse mais os meus amigos"... Dizem que não devo carregar essa culpa, mas fico preferindo explicações que me coloque como co-participante das dores de vocês. E não consigo participar das consequencias sem também participar das causas. Fico achando que meu sentimento é incompleto, que minha omissão foi ainda maior.
Estou escrevendo para me desculpar pela ausência e para exortá-lo a erguer a cabeça e buscar acertar. A corrigir de vez os erros, afastando-se das causas, e recomeçar. Sei que recomeçar no mesmo lugar é difícil porque as coisas e as pessoas não nos deixam esquecer nossos erros. Por isso, sou a favor de radicalismos para a reconstrução da vida. Pois corrigir-se é dar meia volta, é mudar de rumo. E é também lançar tudo para o alto e recomeçar de novo outra vez. O pleonasmo é para reforçar a necessidade de zerar, de apagar e (re)começar. Sei, por experiência própria, que essa é uma atitude decisiva para quem quer recomeçar e que, embora pareça transloucada, trará consequências maravilhosas. Basta esperar.
Sinto muito!
Fuja para recomeçar!