11/12/2008

O Público

Para o ator o público pode ser sua inspiração.
Para o músico pode ser a fonta de seus aplausos.
Para o artista plástico pode ser seus próprios pares ou seu mercado.
Mas o público somos nós.
Todos nós:
Pares, mercados, inspirações.
O motivo de tudo é o público.
O problema todo somos nós.
Publico em seu nome.
Todos em tudo.
Razão de ser, mesmo sem razão.
Para todos, tudo.
Eu, tu, ele, nós, vós, eles.
Todos.
Tudo.
Nada.
Tudo ou nada é uma linha tênue.
Todo poder a todos.
Nenhum poder a ele.
Todo poder a mim.
Todo poder pode não ser poder.
Todo poder pode não poder.
Público Atônito.
Público paralisado.
Extasiado.
Público privatizado.
Privado.
Privada pública não tem dona.
Ninguém quer privada.
Ninguém quer o público.
Nem o artista se importa mais.
O público virou cash.
Virou trash.
O público privado não interage,
Não pensa,
não participa.
Só consome.
Só tem fome.
De público em público,
Privatiza-se o círculo.
O circo.
Ou qualquer espetáculo:
Receptáculo do expectado:
A mídia não é o público.
A mina não é o público.
Não é do público.
O público não publica
Porque não é mais público.
O público não transforma
Porque não é público.
O público já não tem poder.
Não tem poder público.
De todos.
Para todos.
Pára tudo!
Eu quero o público de volta.
Eu quero público.
Eu quero ser público.
Eu quero tudo
Para todos.
O público é do público.
O público publica.
O público quer,
O público faz.