03/10/2011

Sinal verde

Vomita o mal que te assola.
Quem te consola?
Faz rodar o mundo nas suas mãos
E embrulha seu estômago com meu papel social
(Anti-social):
Casado,
Mimado,
Pai,
Ai!
Vê tudo ficar verde da cor da tua biles
E projeta sobre os outros todos que estão por aí,
Mas não sobre mim.
Porque não quero partir o queijo ao meio,
Quero comer inteiro,
Saboreando cada buraquinho que há.
Bem devagar,
Que é minha característica mais presente
Em você tão ausente:
Seu carrossel cheio de cavalos alados gira na velocidade do tempo,
Do seu tempo,
Que não é meu
Nem presente
Quero saber
Perder você.
Agora senta ao lado do vômito e vela
Os pedaços de mim,
Espalhados por aí.
E abre uma cerveja apoiada na bancada
De cabeça baixa.
Respira fundo,
Sorvendo toda acidez aromática da tua biles,
Apertando os olhos e franzindo a testa pra aguentar de pé
O cheiro do que não pode digerir
E teve que expelir.
Saboreia a cerveja deitar no estômago corroído.
E continuo ofendido,
Acreditando que o fim pode ser o início de um novo tempo,
Que não é meu,
Nem seu.
E esse foi seu mal:
Querer domar o que não se pode nada além de respeitar,
Aquietar
E aguentar.
Mas antes de ir,
Não deixe de lavar esse vômito esparramado e secar a pimenteira alheia.
Talvez precisemos de um mau olhado forte que coloque pimenta em nossos olhos
E nos refresque a memória:
Viemos do caos e voltamos pra lá,
De onde nunca devíamos ter saído.
Vou continuar caído.
Até você me limpar,
Até você me tirar
De dentro de si.