13/01/2014

Não há mais ais

O pescador lança a rede
Mais uma vez
E nada
Até se cansar.
Para,
Respira e...
Continua.
Rema sem rimar.
O pescador nem percebe,
Mas o rio secou.
Assim como sua fonte (de rendas)
E os peixes não nadam mais por baixo da canoa.
Só voam
Por sobre nossas cabeças.
O pescador não pesca dor.
E eu não tenho mais fim,
Nem começo
(a pensar).

Escrevo.
E suporto a dor
Do sentido
Perdido,
Do suposto
Tormento,
Tormento,
Tormento...
Lamento.
Sem piscar,
Sem pescar.
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Praia com canoa. Virgílio Lopes Rodrigues. Óleo sobre madeira.