15/02/2014

Eduarda

Ela tinha uma camisa velha, cheirosa como se fosse nova.
Uma camisa puída feito suas memórias.
Ela tinha duas fotos velhas,
Retocadas.
E uma vontade enorme de encontrar a paz,
Seu pai.
Ela tinha uma mãe, um marido, dois filhos, uma casa, muitos tapetes...
E lágrimas,
Muitas lágrimas,
Uma para cada lacuna,
Para cada dia sem entender porquê.
Um luto eterno,
Luto que nenhum perdão apaga.
Mas reconstrói seu lugar no mundo.
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Em homenagem a Eduarda Crispim Leite, filha do militante Eduardo Leite (Bacuri), que foi torturado e morto pela ditadura militar. Ela nasceu durante a ditadura. As torturas que seus pais sofreram ainda a torturam. E não há dinheiro que pague a falta que faz.