15/11/2010

Verdade e liberdade

Queria que todos soubessem a verdade.
Mas como nem eu sei,
Melhor continuarem ignorantes.
A ignorância também é uma virtude.
Porque o conhecimento faz sofrer.

Queria que todos soubessem a verdade.
Mas como nem sei se há verdade,
Melhor continuarem acreditando.
Acreditar é temer pra manter.

Queria que todos soubessem a verdade,
Que não conheço
Nem reconheço.
Mas pra se aproximar de alguma verdade,
Qualquer que seja,
Melhor começarem a duvidar.
E sonhar.
Duvidar é enfrentar para mudar.
E quem sabe, melhorar.

Essa é a verdade:
Liberdade!
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Imagem de escravo fugindo, publicada num jornal do Rio de Janeiro, no século XIX. Naquela época prometia-se reconpensa a quem dissesse o paradeiro do escravo foragido. O escravo fugia da opressão do senhor e das condições insalubres da senzala, em busca da liberdade, que frequentemente não vinha, já que viver escondido é tão opressor quanto viver amarrado. Mas numa ponderação de valores, valia a pena correr o risco, enganar para se safar e tentar reconstruir a vida longe dos açoites. A fuga do escravo para os quilombos, ou para qualquer outro lugar, reduzia a falta de liberdade física e político-jurídica a uma falta de liberdade político-jurídica. E isso já era melhor.