01/04/2007

Música de protesto nos anos 90


Com o fim do socialismo real, simbolizado na queda do muro de Berlim, em 1989, ruiram-se também as utopias de um mundo melhor a partir da participação política. Na música de protesto, o fim das utopias políticas também aparecerem. Na década de 1990, a música de protesto não deixou de existir, mas as críticas já não eram a sistemas políticos e problemas sociais de grande porte, mas a problemas pessoais enfrentados cotidianamente. A juventude dos anos 90 não deixara de protestar, mas perdera a dimensão histórica do protesto em vista de protestos contra pontos específicos do dia-dia das cidades grandes, como a moda, o corte de cabelo, a chatice do vizinho, o barulho dos automóveis, a violência urbana etc. A crítica política foi jogada para dentro do indivíduo que precisava agora resolver suas mazelas cotidianas antes de querer mudar o mundo. Não se estava mais interessado em transformar a realidade social do mundo, mas em criticar a realidade social do indíviduo urbano. Temas caros ao romantismo volta nos anos 90 como uma tentativa de obtenção de algo que fora perdido: a tranquilidade do interior, o verde da paisagem e a amizade, por exemplo.
Passamos a viver numa sociedade fragmentada e cada vez mais individualizada. A solidão das pessoas é expressa nas músicas de protesto dos anos 90 como algo angustiante. A angústia cantada era a angústia vivida também pelos músicos, pessoas sujeitas à mesma solidão que qualquer um. Tanto que alguns músicos tentaram se sucidar e que outros conseguiram cometer suicídio, como Kurt Cobain (Nirvana) e Michael Hutchence (INXS). Tivemos também nos anos 90 o aparecimento e o desaparecimento de inúmeras bandas de rock e de alguns movimentos musicais, como o grunge.
Muito dessa influência dos anos 90 ainda estão presentes na música de protesto dos dias de hoje. Principalmente a redução do horizonte político para as coisas do cotidiano. Mas hoje já há uma tentativa de alargar novamente a visão política e o alcance da música de protesto, principalmente por conta da chamada Globalização. Mas este é outro assunto.