22/03/2012

Esconderijo

Quero me esconder no trabalho.
Do trabalho que você me dá.
Quero fugir pras montanhas.
Pras montanhas de livros e afazeres.
E esquecer os prazeres,
Ais,
Bens,
Choros
E dores...
Trocados pelo sol na minha cara pelada,
Lavada e encerada,
Sem agendas,
Nem oferendas,
Nem relógios
Ou imbróglios.
Ah, o cheiriinho do café matinal
Servido no quintal,
Sem avental,
Nem moral!
Sem nada que nos separe de nós,
Com tudo que reforce esses laços.
Mesmo que por um dia,
Cheio de alegria.
Até transbordar a moringa que mata nossa sede
Deitados numa rede.
Essa rede em que me pega,
Até de madrugada,
E me faz peixe fora d'água.
E me deixa fora do ar.
Até o ar acabar,
Até o grito do peito aberto sair
E sorrir.
Mesmo sem querer.
E dormir
Até o encanto acabar.