05/05/2010

Porrada!

Cada porrada que levo um pedaço de mim se vai. E são muitas porradas. Estou diminuindo. Estou enfraquecendo. Estou cada dia mais próximo do fim. E a violência é cada vez mais comum. Tento me defender, mas nem sempre consigo. Frequentemente não. Pois me recuso a usar os mesmos artifícios. E sou violentado. E sou visto como otário. Afinal, o mundo é dos espertos. Mas minha esperança se mantém porque quem bate também sente a dor do murro. Mesmo que não imediatamente. Mesmo que finga que não. Ação e reação: se a cara racha, a mão trinca. E quem acha que bateu não percebe que também apanha. Que bater no outro é apanhar da vida. Logo, logo. Que a violência (mesmo simbólica) embrutece e distancia. E que a negação da isonomia produz a legitimação da ordem social desigual. Prejudicar ou privilegiar alguém por critérios personalistas é perder a legitimidade do discurso. É ser conivente com o mal. É manter a cultura desigual. É tornar-se vulneravel para quando o mal lhe alcançar. Aí terá de ouvir (não de mim) o que não se quer: "que moral você tem para reclamar disso?" Por trás dessa frase estará a justiça (os olhos roxos) dos violentados.