04/05/2010

Sociologia não é religião!


Toda atividade profissional tem seu(s) deus(es), seu(s) papa(s), seus ritos, seus espaços de devoção à carreira profissional e até seus clientes fiéis. Mas na Sociologia está demais! Para um ramo do conhecimento que nasce com pretensão de ser ciência, num patamar de racionalidade, e que surge questionando o poder alienante da Igreja, a Sociologia está religiosa demais!
Os modelos teóricos viraram doutrinas. Alguns autores são endeusados e outros, demonizados. Outros são papas em seu campo religioso de análises e governam sobre toda a sua estrutura religiosa. Até é permitido que qualquer um tenha livre acesso aos cânones, desde que se reconheça que não é qualquer um que tem capacidade de interpretá-los. Há pessoas específicas que detêm o monopólio de interpretação do texto sagrado do sociólogo-deus.
Esses intérpretes da lei divina, ou melhor, das leis sociológicas, julgam moralmente os infiéis. E os excomungam, por desafiarem o poder de deus, por usarem o nome de deus em vão ou mesmo por não serem capazes de entender como deus age (a sua metodologia). E aí, inevitavelmente, começam as guerras religiosas (entre igrejas de uma mesma doutrina religiosa e entre diferentes religiões). A guerra pelo direito de interpretar mais adequadamente (de modo puro) o texto sagrado do sociólogo.
Essas associações religiosas vão crescendo e aumentando seu domínio sobre os fiéis, que se tornaram um grande rebanho. O culto da razão sociológica vai criando até suas bancas inquisitoriais, para condenar aqueles que não tem razão (ou que não compartilham de suas crenças) à fogueira da purificação espiritual. Só os espíritos domesticados (arrependidos) se salvam. Glória a Deus! Êpa! Qual deus? Aquele estruturalista, o interacionista, o weberiano, o funcionalista... É um panteísmo.
Vão para o inferno todos vocês!