12/01/2011

Até quando?

Sumi!
Desapareci em meio à lama.
Em meio ao drama.
E sinto que não acabou,
Que vamos erguer o que sobrou.
E que ainda há mais por vir,
Há mais por cair:
Chuvas,
Casas,
Gentes,
Vergonhas,
Moral.

Tantas dores,
Tantas preces,
Tantas mortes
E dissabores...
Que nem sei como expressar
Algo que vou criar:
Saudades de quem nem conheci.
Humanos como eu,
Perdidos como eu,
Apaixonados como eu,
Trabalhadores como eu,
Brasileiros como nós.

E a revolta está em saber
Que havia muito por fazer,
Que se podia evitar
Ou mesmo minorar.
E que tudo vira mercadoria,
Sem alma,
Sem vida,
Vendida pela tv,
E que aplaca o coração:
"Faça uma doação!"
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Precisávamos doar mais tempo para lutar por nossos iguais, por nossos concidadãos, que estão por aí, em áreas de riscos, em situações de riscos, com seus direitos sendo violados diante de nós, à luz da tv. Se não fizermos isso, teremos de nos contentar em resgatar os corpos, em contar os mortos, em rezar e doar. Para aliviar a culpa pela inércia e apatia.
Dedico meu silêncio e minha revolta às vítimas da incompetência política da região serrana do Rio de Janeiro e de todo o Brasil. Não são vítimas das chuvas, mas do descaso político e de suas (nossas) próprias apatias. Até quando?