31/05/2012

Cupim

O cupim sai da toca sem saber pra quê
E vai atrás de uma luz que o possa aquecer.
Bate-se tanto na luz que não enxerga,
Que vê o chão crescer.
O cupim perde as asas e para de voar.
Procura logo um lugar pra se esconder.
Quer voltar pra toca,
De onde não deveria ter saído,
E que não está mais lá,
Não existe mais.
Cai faminto e busca se alimentar.
E vai furando sem parar,
Deixando rastros tortos na madeira reta.
E o pau comido grita no silêncio do impossível,
Reclama um corpo estranho em si,
Ali,
Marchando nas ranhuras,
Mexendo com as estruturas.
Mas fica firme e afirma a força impassível
Do tempo vencido que o derrota a cada instante.
O cupim luta com a madeira,
Que só tenta resistir,
Enchendo a barriga do adversário como forma de o atingir.
Pra ele cair fora.
Fora dali poucos conseguem ouvir os ruídos da batalha,
Os gritos,
Os choros,
Os lamentos...
Mas quem quiser pode.
Só precisa entrar.
Dentro a batalha é sempre mais intensa!
Somos pau pra toda obra que não dura.
E cupim.