07/05/2012

Estamos juntos

Estamos juntos.
Mesmo sem saber.
Estamos juntos na mesma dor que nos separa.
E repara enquanto dá,
Pra não perder o que se tem,
Tempo.
O valor da vida não está no sopro,
Mas no espasmo que nos afasta.
Abra os olhos,
Estamos juntos.
Quando a gente fica doente,
A gente precisa de toda calma,
De muita alma
(Zelosa)
Ao lado
De fora pra dentro,
Pra diminuir o tormento.
Quando a gente fica doente,
A gente enfraquece,
Amolece.
E cresce,
Porque se reconhece.
Estamos todos doentes,
Somos todos carentes.
E não sabemos o que estamos esperando.
Para abrir os olhos e olhar em volta de si.
E juntar forças.
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Estamos Juntos (2011) é um longa-metragem nacional que mostra a vida, em sua complexidade, naquilo que há de mais humano: a solidariedade da dor e a solidariedade na dor. A dor é a condição mais humana que existe. E quando da dor nasce a solidariedade, entramos no campo do sobrehumano. O fillme mostra diferentes dramas vividos individualmente que são a matéria-prima para a superação do atomismo do indivíduo numa sociedade de consumo, em que nos tornamos sujeitos-objetos a serem consumidos. Mas se há algo que nos consome é ter de equilibrar tantas expectativas (nossas e alheias) sobre uma cabeça tão pequena quanto o mundinho em que nos fechamos. São dores vividas, por todos os lados, e não as sentimos como deveríamos. E devemos (sem conseguir pagar) o preço da solidão à nossa incapacidade de olhar, de se ocupar. o verbo ocupar é parte importante do filme, que mostra a ocupação de casas pelos membros dos movimentos sociais de luta pelo direito à habitação, como um outro tipo de dor que gera solidariedade. A solidariedade da luta.
Ocupar e viver
Ocupar a vida
E me ocupar de você.
Como quem sabe que viver é se ocupar.
E quem não se ocupa de alguém,
Culpa a vida pelo que vem.
Ocupação é compreensão do direito de viver,
Ocupando cada espaço da vida social.
Mas quando não se entende o sentido da ocupação,
A luta da vida parece em vão,
Parece mera ocupação (do tempo).