06/05/2012

Luz da lua cheia que me acerta em cheio

Lua cheia
De encanto
E me tranco,
Em meu canto,
Esperando essa fase passar.
Fecho os olhos pra não sentir,
Pra não sucumbir,
À velocidade da luz,
Que queima minha pele
E fere minha retina,
Quebra minha rotina.
Em geral sou doce,
Como um doce,
Como você,
Mas essa luz da lua cheia,
Que me acerta em cheio,
Esvazia meu peito de você
E me enche de saudade de mim.
E me faz descontroladamente carente,
Deprimente.
Fecho as cortinas e evito a janela para não me expor
A um contato transformador
Do meu eu-interior
Em um bicho que não sou capaz de controlar,
Mas tenho que carregar:
Um ser do outro o algoz
Por um comportamento sem voz
Que me destina a matar
Quem mais quero;
Preservar
E matar
Parecem conviver
Até o anoitecer,
Quando tenho que me recolher
E me prender nas correntes
Que me chocam
E libertam você de mim.
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Homem lobo
do homem
lobisomen.
"Carrasco de si mesmo", como diria Baudelaire.
E nem sempre é isso que se quer.