12/08/2011

Andrelina e Mario

Andrelina e Mario não tinham nada a ver. Ele era artista e ela ativista. Ele tinha toda a qualidade estética e ela, a ética. O problema é que se conheceram, se misturaram e se perderam. Já não havia mais propriedade essencial de cada um: gostavam das mesmas coisas e amavam fazer o outro gostar. Viviam cheios de alegrias. E lutas. Cheios do melhor e do pior de cada um por si só. Não podia ser melhor! Mas um dia, depois de outra luta, Mario se foi. E nunca mais voltou. E quem ficou nunca mais se encontrou. Até hoje Andrelina espera a volta de Mario: ela só quer devolver a ele o que ela guardou. Mas ela já não está só.
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Estima-se que as ditaduras militares na Argentina (1976-1983) tenham produzido 30 mil desaparecidos políticos.