15/02/2007

Aniversário

Não sei se o sentimento de quem faz aniversário é o mesmo em qualquer parte do mundo, mas tendo a pensar que há um misto de expectativa pelo que vai acontecer no dia e esperança de que coisas boas aconteçam que deve ser comum a todas as culturas. Talvez eu esteja errado, e até etnocêntrico (olhando para as outras culturas como se fossem iguais à minha, julgando as outras culturas a partir da minha). Mas me permito conjecturar sobre esta data tão especial que é o dia em que nascemos.
Pode até ser que com o passar dos anos, depois de muitos aniversários, passemos a valorizar menos a data de nascimento. Mas quando vemos uma criança celebrando um aniversário, e nem precisa ser a data dela mesma, ficamos maravilhados com o poder que esta data, e a festinha é claro, tem para ela. Uma coisa não podemos negar, os pequenos são expontâneos e sabem se divertir. É uma correria, uma risadaria, uma empolgação, enfim, uma alegria que talvez não tenha igual. Chego a pensar no porquê abandonamos esta inocência infantil que só parece fazer bem para as crianças.
Mesmo que não fôssemos tão alegres como as crianças, que endurecessemos co o tempo e a vida, poderíamos pelo menos observa-las em dias de aniversário. Observar a alegria delas também nos alegra e nos faz bem. É contagiante, no bom sentido. É uma aula de persistência e alegria. Persistência em alegrar-se. Numa correria que acaba em tombo, ou em choro, a criança se levanta rapidamente e continua em frente, limpando as mãos na calça, secando as lágrimas com as mangas da camisa, abraçando as pernas do pai enquanto observa as outras crianças, como se estivesse se recompondo para voltar à festa. E a hora de cantar parabéns? É aquela disputa por um lugar perto da mesa onde está o bolo. E as bolas coloridas? "Eu quero aquela amarela". "Eu quero a roxa!" No final, o saldo (para usar um termo dos adultos) é sempre positivo para as crianças, é sempre divertido.
Devia ser lei federal: "Todo cidadão tem direito de realizar festinhas de aniversários para seus filhos ou enteados até completarem 10 anos de idade, devendo a União, os estados e os municípios garantir o cumprimento desta lei, inclusive com recursos financeiros necessários para a realização das festas. Parágrafo único: Toda festa deve contar pelo menos com bolo de aniversário com velinhas, balões coloridos, docinhos variados, suco, pipoca, cachorro-quente e música infantil." Imagine toda criança tendo um dia do ano, de cada ano de sua vida, destinado a celebrar a sua existência? E isso até os 10 anos de idade pelo menos. Seria uma revolução na vida dos pequenos que talvez causasse um revolução na vida dos adultos que elas se tornarão. Quem sabe teríamos um mundo melhor? Mas deveria ter uma lei também que obrigasse os adultos a observar a alegria e diversão dos pequeninos. Para que os adultos não esqueçam do lúdico, da diversão, da alegria e voltem a se alegrar com os aniversários, mesmo que seja o dos outros.
Como eu sonho com um mundo melhor para as crianças! Como eu espero por um mundo menos "adultocêntrico"! Como eu desejo que os adultos se divirtam só em observar a diversão das crianças! Como eu me diverti hoje, com a alegria de minha filha que completou 1 aninho!