17/03/2007

O músico, a música e a política

Considerando os problemas sociais como problemas políticos, quer dizer, como problemas cujas soluções são (e serão) políticas, queremos ressaltar o papel do músico (de sua postura e de sua música) como formador de opinião e agente político de mudanças sociais.
Todo artista, não só o músico, tem a visibilidade pública necessária para criar tumultos e resolver problemas. Nem um nem outro é pejorativo em si mesmo: pode haver a criação de desordem numa ordem social injusta, o que é muito bom; assim como pode haver solução de conflitos que seja uma negociata que esconda os conflitos, ao invés de resolvê-los. De qualquer maneira, o que quero dizer é que o artista tem esse potencial de intervenção social aumentado, dada a sua visibilidade social, a sua presença na mídia. E graças, é claro, à existência de seus "seguidores", seus fãs, que levam muito a sério o que eles dizem.
Numa juventude (para não falar uma sociedade) desagregada, sem rumos, perdida, sem ética e sem limites, o músico pode assumir um papel ativo e positivo de criação de parâmetros mínimos de envolvimento social e de descontentamento com as coisas da vida. A liderança que os músicos, ou alguns deles, exercem, ou podem exercer, sobre seus fãs é algo que não se pode desprezar. Essa liderança, se utilizada, já pode provocar algum incômodo na ordem social estabelecida, para o bem ou para o mal.
O papel do músico, e de sua música, pode ser também um papel político de encorajamento e mobilização de uma juventude acoada e apática. Uma juventude indiferente com os problemas sociais. Mas para isso, o músico precisa querer correr riscos, precisa tornar-se consciente de seu poder social e precisa ser responsável pelo uso político desse poder. O músico que quiser marcar sua geração para além da efemeridade de ter suas músicas nas paradas de sucesso por um tempo, precisa conscientizar-se dos problemas sociais em que vivemos e assumir um posicionamento político em sua ação artística. E isso é pra já.